É a primeira vez desde a fundação, em 2004, que o PSOL não terá candidato próprio à presidência (Ricardo Stuckert/Lula/Facebook/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 1 de maio de 2022 às 10h31.
Última atualização em 1 de maio de 2022 às 10h40.
O Diretório Nacional do PSOL aprovou neste sábado o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República. É a primeira vez desde a fundação do partido, em 2004, que o PSOL não terá candidato próprio à presidência da República. Havia resistência a Lula na sigla e o endosso ao petista foi avalizado com margem considerada apertada: por 35 votos a 25.
Também ficou decidido neste sábado, no entanto, que a participação em um eventual governo petista ou a integração dos parlamentares do PSOL na base lulista no Congresso só será discutida pelo partido após as eleições.
— A união da esquerda em torno da candidatura de Lula é sem dúvida a melhor tática para derrotar Bolsonaro. Estamos felizes e esperançosos com essa decisão. Na semana que vem já iniciaremos as conversas para participar do conselho político da campanha e da coordenação do programa de governo — afirma Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.
Lula chegou à convenção acompanhado do líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos e foi recebido aos gritos de "olê, olê, olê olá, Lula, Lula". Em seguida, a militância bradou "Fora Bolsonaro". Além de Lula, também participaram do encontro do PSOL petistas como o ex-prefeito Fernando Haddad, pré-candidato ao governo de São Paulo, e o vereador Eduardo Suplicy, entre outros.
Boulos era o mais cotado para concorrer ao Palácio Bandeirantes pelp PSOL, mas decidiu apoiar Haddad e será uma das apostas de puxadores de voto da sigla para a Câmara dos Deputados. A estratégia da legenda é apresentar candidatos com foco em pautas nacionais, o que avaliam ser um diferencial, em oposição a parte dos representantes do Congresso marcados por uma atuação fisiológica e ligada aos chamados interesses "paroquiais".
Ainda que uma ala do parrido tenha defendido a candidatura própria à presidência, ficou evidente que as principais lideranças partidárias se uniram na tese de que o mais urgente para as esquerdas seria unir forças para buscar derrotar o presidente Bolsonaro.
— É preciso juntar as forças progressistas e tirar a caneta desse cara. Todas as divergências que possam existir são minimizadas por esse momento — afirmou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP).
Figura histórica da legenda, o vereador carioca Chico Alencar afirmou que o partido não será "submisso" dentro da aliança. Ainda assim, "em nome da democracia", disse estar disposto "até mesmo a engolir o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa de Lula".
— Votei com a tese vencedora (de apoio a Lula, na convenção). Coligação para nós não é diluição, nem perda de identidade. O PSOL não vai acabar — disse Alencar. — Não seremos malcriados, mas vamos trabalhar para que a visão do Alckmin não prevaleça do ponto de vista programático.
Fernando Haddad, por sua vez, defendeu a escolha de Alckmin como vice de Lula:
— É muito importante para o país que o campo progressista esteja alinhado. A vinda do Alckmin amplia ainda mais e coloca a tarefa de derrotar o extremismo na ordem do dia. Espero que essa orientação seja seguida por todos os democratas — afirmou.
Em fevereiro, a Executiva Nacional do PSOL aprovou a abertura de negociações com o PT e demais partidos de esquerda para firmar uma aliança nacional em torno da candidatura do ex-presidente Lula.
No fim de abrill, o PT acolheu as propostas do PSOL ao programa de governo da pré-candidatura. Entre as principais estão a revogação da reforma trabalhista e do Teto de Gastos, assim como a criação de um novo marco fiscal. O PT não as deve cumprir todas integralmente. A reforma trabalhista, por exemplo, deve ter somente alguns pontos modificados, principalmente para garantir mais proteção aos trabalhadores de entregas por aplicativos.