Próxima década será marcada por crescimento de infraestrutura no Nordeste, projeta Paulo Câmara
Presidente do Banco do Nordeste aponta ampliação de investimentos e potencial da região em energia renovável emergindo
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 18h09.
Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 10h18.
Para aproveitar a vantagem do Nordeste em energia renovável e na capacidade de produção na chamada indústria verde e garantir que a complexidade econômica fique na região, o Banco do Nordeste (BNB) tem ampliado seu tradicional papel de concessão de microcrédito para micro e pequenas empresas e investido no suporte de grandes projetos de infraestrutura.
"Assim o Banco do Nordeste dá um potencial competitivo para o investidor se sentir realmente seguro e ver que investir na região vale a pena", afirmou o presidente da instituição financeira, Paulo Câmara.
O dirigente, que esteve à frente do governo de Pernambuco entre 2015 e 2023, destacou o papel do BNB durante o evento Exame Política Industrial, realizado nesta terça-feira, 19, para debater os novos caminhos para a nova indústria no Brasil e no mundo.
Um balanço do BNB, divulgado em novembro, apontou que no terceiro trimestre de 2024, a instituição desembolsou o total de R$ 42,4 bilhões no acumulado do ano. Comparado aos nove primeiros meses de 2023, o valor representa um incremento de 13,6%.
Além da injeção de recursos na economia local, o Banco do Nordeste também está alinhado com projetos do governo federal via Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). O presidente cita que mais de 40% do orçamento do novo PAC foi destinado à região para enfrentar gargalos históricos, como a implementação de aeroportos mais equipados, resgate de ferrovias e na indústria de energia renovável.
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que a região é responsável por 82,3% de toda a energia solar e eólica produzida no Brasil. Juntos, os nove estados têm capacidade instalada de quase 30 gigawatts (GW) desses tipos de energia — o que representa mais de 15% da capacidade de produção de energia elétrica instalada no país.
"Muita ação aconteceu e há um horizonte de acontecerem novas ações nos próximos anos, e com mais planejamento, para que a gente tenha o final dessa década e começo da próxima uma mudança realmente de infraestrutura na região que seja significativa", afirmou Câmara.
Complexo de Pecém
Nesse sentido, o Complexo de Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, localizado entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, tem desempenhado papel importante na estratégia de implantação de um HUB de hidrogênio verde, de acordo com Hugo Figueirêdo, presidente do complexo industrial e portuário.
Figueirêdo também participou do painel que debateu as agendas de descarbonização e powershoring e apontou o potencial principalmente do Ceará na produção de energia solar e eólica. De acordo com o executivo, apenas em energia solar, o estado produz três vezes mais do que o Brasil precisa hoje
"E energia eólica é a mesma coisa, temos o mesmo potencial grande, não só em terra como em mar. Há uma série de estudos que colocam o Nordeste em particular como local de custo mais abaixo para produzir hidrogênio verde", disse o presidente do Complexo de Pecém.
Em outubro, o Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) aprovou o maior projeto de produção de hidrogênio verde em larga escala do Brasil, na ZPE de Pecém, no Ceará. Como contrapartidas, o projeto vai utilizar bens e serviços nacionais e investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação. A iniciativa da Brasil Fortescue Sustainable Industries Ltda prevê R$ 17,5 bilhões em investimento, com capacidade de produção de 1,2 GW, por ano, podendo chegar a 2,1 GW em uma possível segunda fase do projeto.