Protestos em Brasília: PF isola hotel de Lula e bolsonaristas queimam veículos
Região central de Brasília está fechada para veículos após grupos bolsonaristas invadirem vias, queimarem ônibus, quebrarem carros e vandalizarem prédios
Da redação, com agências
Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 23h29.
Última atualização em 12 de dezembro de 2022 às 23h34.
A região central de Brasília está fechada para veículos após grupos bolsonaristas invadirem vias, queimarem ônibus, quebrarem carros e vandalizarem prédios na noite desta segunda-feira, 12. Os órgãos de trânsito recomendam que os motoristas evitem o centro da cidade, tomado por focos de incêndio e manifestações violentas.
As ações do grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começaram horas após a cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pessoas vestidas de verde e amarelo, com bandeiras do Brasil, tentaram invadir a sede da Polícia Federal.
A segurança no hotel onde Lula está hospedado, no Setor Hoteleiro Sul, precisou ser reforçada pelo Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF) e pela tropa de choque da PMDF. A polícia militar já havia enviado tropas à região mais cedo, após discussão entre apoiadores de Bolsonaro e militantes petistas.
O tumulto na região central da cidade teria iniciado depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinou a prisão temporária do indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
A prisão foi decretada a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) por indícios de crimes de ameaça, perseguição e manifestações antidemocráticas em vários pontos de Brasília.
Os atos antidemocráticos ocorreram, de acordo com a PF, em frente ao Congresso, ao Aeroporto Internacional (onde invadiram a área de embarque), em shoppings, na Esplanada dos Ministérios e em frente ao hotel onde Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin estão hospedados.
Revoltados com a prisão, grupos extremistas começaram a tocar fogo em veículos e em vias no centro de Brasília e tentaram invadir a sede da PF. No início da noite, pelo menos dois ônibus, além de alguns carros, foram incendiados. No Setor Hoteleiro Norte, manifestantes foram contidos com bombas de efeito moral e gás de pimenta.
Em nota, a PMDF informou que “índios tentam invadir o prédio da PF na Asa Norte” e disse ter deslocado guarnições “para controlar a situação com a aplicação das forças táticas e Batalhão de Choque”. A situação, no entanto, ainda não foi controlada.
O trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central está restrito “até nova mudança de cenário, após avaliação de equipe técnica”, informou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), às 22h30.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou que a Polícia Federal “manteve estreito contato” com a Secretaria de Segurança Pública e com o governo do DF “desde o início das manifestações” em Brasília, “a fim de conter a violência, e restabelecer a ordem”.“Tudo será apurado e esclarecido. Situação normalizando no momento”, escreveu o ministro, no Twitter.
Prisão temporária
O STF, em nota, afirmou que Moraes atendeu a um pedido da PGR e “decretou a prisão temporária, pelo prazo de dez dias, do indígena José Acácio Serere Xavante, por indícios da prática de crimes em atos antidemocráticos”.
O apoiador de Bolsonaro, segundo a PGR, "vem se utilizando da sua posição de cacique para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito (Lula) e de ministros do STF”, afirmou a Corte na rede social.
Inaceitável
O senador eleito Flávio Dino, anunciado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como próximo ministro da Justiça e Segurança Pública, foi ao Twitter condenar a tentativa, por parte de manifestantes bolsonaristas, de invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília após a prisão de Xavante.
"Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política", escreveu o senador no Twitter.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou como "absurdos" os "atos de vandalismo" registrados nesta noite. No Twitter, ele afirmou que as ações partiram de "uma minoria raivosa".
"A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou", disse Pacheco. Ele cobrou que as forças públicas de segurança ajam "para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante".
Com informações da Agência Estado