Procuradoria acusa Bolsonaro por ofensas a negros e quilombolas
Em palestra no Clube Hebraica, no Rio, o deputado disse que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas"
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2017 às 19h04.
Última atualização em 10 de abril de 2017 às 19h23.
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro ajuizou ação civil pública contra o deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ) por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra.
A ação foi protocolada nesta segunda-feira, 10, pelos procuradores da República Ana Padilha e Renato Machado.
Em palestra no Clube Hebraica, no Rio, em 3 de abril, disse que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas".
"Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles."
Na ação, os procuradores da República sustentam que o réu utilizou informações distorcidas, expressões injuriosas, preconceituosas e discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar, maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra.
Para os procuradores da República Ana Padilha e Renato Machado, tais afirmações desumanizam as pessoas negras, retirando-lhes a honra e a dignidade ao associá-las à condição de animal.
No presente caso, o julgamento ofensivo, preconceituoso e discriminatório do réu a respeito das populações negras e quilombolas é incontestável.
"Com base nas humilhantes ofensas, é evidente que não podemos entender que o réu está acobertado pela liberdade de expressão, quando claramente ultrapassa qualquer limite constitucional, ofendendo a honra, a imagem e a dignidade das pessoas citadas, com base em atitudes inquestionavelmente preconceituosas e discriminatórias, consubstanciadas nas afirmações proferidas pelo réu na ocasião em comento", afirmam os procuradores na ação.
Se condenado, o deputado federal pode ser obrigado a pagar indenização no valor de R$ 300 mil pelos danos morais coletivos causados ao povo quilombola e à população negra em geral, a ser revertida em projetos de valorização da cultura e história dos quilombos, a serem indicados pela Fundação Cultural Palmares.