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Prisão de Braga Netto não foi uma surpresa para ninguém, diz Múcio

O ministro da Defesa afirmou que todos os envolvidos devem responder na Justiça, mas que é preciso olhar para frente para "preservar o CNPJ" das Forças Armadas

O futuro ministro da Defesa, José Múcio, durante anúncio de ministros no CCBB Brasília. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 11h39.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 11h41.

O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta terça-feira, 17, que a prisão do general da reserva Walter Braga Netto no último sábado não foi uma surpresa para "absolutamente ninguém". Múcio visitou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta manhã em São Paulo.

"Ele tem muitos colegas da reserva, está preso no Rio de Janeiro, primeiro quatro estrelas preso. Mas não foi uma surpresa para absolutamente ninguém", disse Múcio a jornalistas na porta da casa de Lula.

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Ex-ministro da Casa Civil e Defesa, Braga Netto foi preso por obstrução à Justiça. Candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, o general foi indiciado pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Sobre a reação dentro da caserna, Múcio afirmou que deseja que todos os envolvidos respondam na Justiça, que "há um constrangimento no espírito" das Forças, mas que é preciso olhar para frente para "preservar o CNPJ" do Exército.

"Tudo isso precisa acabar para podermos olhar para a frente e tirar a suspensão dos inocentes. Cada um entrou nisso com o seu CPF e temos que preservar o CNPJ das três forças", afirmou.

O ministro defendeu ainda que, diferentemente do que muitos pensam, o exército ou o governo não foram avisados com antecedência sobre a operação. Múcio disse que soube quem eram os alvos da Polícia Federal apenas no início da manhã de sábado, quando os agentes já estavam na rua.

Aposentadoria dos militares

Múcio disse que conversou com o presidente Lula sobre o projeto de lei que fixa em 55 anos a idade mínima para militares se transferirem para a reserva. Hoje, não há restrição de idade para deixar a ativa, apenas um tempo de serviço, que passa de 30 para 35 anos.

Segundo ele, não havia "muito o que se discutir" e que agora o texto será debatido no Congresso, com os militares se adaptando à nova realidade. O ministro explicou que a dificuldade para mudar a aposentadoria nas Forças Armadas está no processo de promoção.

"A dificuldade de se mexer nessa questão de aposentadoria de militares é que a promoção é como se fosse uma procissão. Se um parar na frente, para todos atrás. Tem que ver como adequa o que eles chamam de empossamento. Vamos ter alguns postos que ficarão empossados em algum lugar. Um coronel onde não está se precisando ou muito major", disse.

Múcio acrescentou que uma das demandas era que a medida tivesse um tempo de transição maior.

"A primeira coisa é que dessemos tempo para que não houvesse empossamento. Mas o governo não quis esperar e teremos que nos adaptar", explicou.

O projeto de lei estabelece 55 anos como a idade mínima para os militares irem para a reserva. Atualmente, não há restrição de idade. A regra terá uma fase de transição até 2031. Até lá, o militar terá apenas de cumprir o tempo de contribuição mínimo de 35 anos, além de 9% de pedágio.

A partir de 2032, vale a idade mínima de 55 anos. O impacto da definição da idade mínima para o militar ir para a reserva é estimado em R$ 2 bilhões, somando a redução de despesas mais aumento da receita, segundo o Ministério da Fazenda.

O ministro da Defesa foi o primeiro a visitar o presidente nesta terça-feira. Na segunda, Lula recebeu os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

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