Presidencialismo de coalizão está travado, diz professor
País vive hoje um "travamento" do presidencialismo de coalizão e uma crise de liderança política, avaliou o cientista político e professor do Insper Carlos Melo
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2014 às 09h28.
São Paulo - O Brasil vive hoje um "travamento" do presidencialismo de coalizão e uma crise de liderança política, avaliou o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, durante o seminário "Brasil 2015: Cenários Políticos e Econômicos", promovido pela Fundação Mário Covas e pela Fipe. Segundo ele, o modelo atual chegou à exaustão após três governos de um mesmo partido e precisa ser mudado, pois, mesmo que haja alternância de poder no futuro, o novo governo também passaria pelo menos problema.
Melo afirmou que o presidencialismo de coalizão está travado em razão do modelo adotado no País, em que se garante maioria no Congresso Nacional por meio da distribuição de cargos. "No primeiro mandato, isso é uma festa. Você tem 30 mil cargos para distribuir. É a tal da lua de mel. Quando vem a reeleição, eles já estão distribuídos, e aí tem que entrar na joia da coroa, nas agências reguladores ou diretorias de estatal. (...) Quando chega na sucessão do grupo político, você não tem mais o que dai", explicou.
O cientista político destacou que esse travamento se aplica mesmo em casa de alternância de poder, o que torna necessário a mudança do jogo. "Se o Aécio fosse eleito, melhoria a alternância, mas em três mandatos chegaria à exaustão novamente", afirmou. Melo destacou que, mesmo com o Orçamento Impositivo, apontado por algumas lideranças como a saída para o chamado "toma lá, dá cá", não resolveria. "Ai a negociação vai ser nova. Com a emenda garantia, vão perguntar: o que tem a me oferece agora", disse.
Na avaliação do professor do Insper, o governo carece de liderança política. Em uma crítica direta à Dilma Rousseff (PT), ele afirmou que um "presidente não pode se limitar a ser um gerente". "Um presidente não pega um projeto e vai vendo erro por erro", afirmou, destacando que esse é o perfil da petista. "Um técnico é mais ideológico do que político, o político é mais pragmático", acrescentou, afirmando que os ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso e Getúlio Vargas são exemplos de líderes pragmáticos.
De acordo com o cientista político, esse "ideologismo" tem atrapalhado a definição do novo ministro da Fazenda, uma vez que a "presidente não tem força de impor um nome", ao mesmo tempo em que não tem o "diagnóstico de aceitar um nome que não seja de sua preferência". "Se me perguntarem qual a saída para isso, não sei. Recomendo acompanhamos atentamente esse governo", disse. Carlos Melo afirmou ainda que essa crise de liderança política também se dá pela inexistência de novos nomes para sucederem os atuais líderes.
"Nossos dois últimos líderes, Fernando Henrique está com 82 anos de idade, o Lula caminhando para 70 anos, convalescendo de um câncer. Quem sucede os dois?", afirmou. O professor avaliou que o movimento de volta de Lula em 2018, se de um lado parece arrogância, "por outro talvez seja a única alternativa para não abrir uma guerra interna". "Porque se não for ele, está aberta", disse, lembrando que nomes como Marta Suplicy, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante seriam um dos principais atores dessa disputa.
São Paulo - O Brasil vive hoje um "travamento" do presidencialismo de coalizão e uma crise de liderança política, avaliou o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, durante o seminário "Brasil 2015: Cenários Políticos e Econômicos", promovido pela Fundação Mário Covas e pela Fipe. Segundo ele, o modelo atual chegou à exaustão após três governos de um mesmo partido e precisa ser mudado, pois, mesmo que haja alternância de poder no futuro, o novo governo também passaria pelo menos problema.
Melo afirmou que o presidencialismo de coalizão está travado em razão do modelo adotado no País, em que se garante maioria no Congresso Nacional por meio da distribuição de cargos. "No primeiro mandato, isso é uma festa. Você tem 30 mil cargos para distribuir. É a tal da lua de mel. Quando vem a reeleição, eles já estão distribuídos, e aí tem que entrar na joia da coroa, nas agências reguladores ou diretorias de estatal. (...) Quando chega na sucessão do grupo político, você não tem mais o que dai", explicou.
O cientista político destacou que esse travamento se aplica mesmo em casa de alternância de poder, o que torna necessário a mudança do jogo. "Se o Aécio fosse eleito, melhoria a alternância, mas em três mandatos chegaria à exaustão novamente", afirmou. Melo destacou que, mesmo com o Orçamento Impositivo, apontado por algumas lideranças como a saída para o chamado "toma lá, dá cá", não resolveria. "Ai a negociação vai ser nova. Com a emenda garantia, vão perguntar: o que tem a me oferece agora", disse.
Na avaliação do professor do Insper, o governo carece de liderança política. Em uma crítica direta à Dilma Rousseff (PT), ele afirmou que um "presidente não pode se limitar a ser um gerente". "Um presidente não pega um projeto e vai vendo erro por erro", afirmou, destacando que esse é o perfil da petista. "Um técnico é mais ideológico do que político, o político é mais pragmático", acrescentou, afirmando que os ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso e Getúlio Vargas são exemplos de líderes pragmáticos.
De acordo com o cientista político, esse "ideologismo" tem atrapalhado a definição do novo ministro da Fazenda, uma vez que a "presidente não tem força de impor um nome", ao mesmo tempo em que não tem o "diagnóstico de aceitar um nome que não seja de sua preferência". "Se me perguntarem qual a saída para isso, não sei. Recomendo acompanhamos atentamente esse governo", disse. Carlos Melo afirmou ainda que essa crise de liderança política também se dá pela inexistência de novos nomes para sucederem os atuais líderes.
"Nossos dois últimos líderes, Fernando Henrique está com 82 anos de idade, o Lula caminhando para 70 anos, convalescendo de um câncer. Quem sucede os dois?", afirmou. O professor avaliou que o movimento de volta de Lula em 2018, se de um lado parece arrogância, "por outro talvez seja a única alternativa para não abrir uma guerra interna". "Porque se não for ele, está aberta", disse, lembrando que nomes como Marta Suplicy, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante seriam um dos principais atores dessa disputa.