Presidência da Câmara: partidos de oposição anunciam apoio a bloco de Maia
O candidato a ser escolhido pelo atual presidente da Casa deve ter apoio de cinco legendas de esquerda: PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede. O PSol pretende lançar candidatura própria
Alessandra Azevedo
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 18h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 18h11.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta sexta-feira, 18, novas adesões ao bloco que, agora, reúne 11 partidos, de esquerda a direita, em apoio ao nome que participará da eleição pela presidência da Casa, em 1º de fevereiro de 2021. Além das siglas já divulgadas na semana passada, passaram a integrar o grupo PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede.
O anúncio é um sinal ruim para o adversário do grupo, deputado Arthur Lira (PP-AL), que também negociava com os partidos de esquerda. Já havia expectativa pela adesão das legendas ao bloco de Maia desde a última quinta-feira, 17, quando os partidos que hoje formalizaram o apoio anunciaram veto a qualquer candidato defendido pelo presidente Jair Bolsonaro — no caso, Lira.
A deputada Gleisi Hoffmann (PR),presidentedo PT, reconheceu que o partido tem “muitas diferenças e embates” com o bloco formado por Maia, principalmente na pauta econômica, mas ressaltou que aderir a ele foi uma escolha pela democracia, contra o candidato de Bolsonaro e líder do Centrão. Gleisi disse esperar que o PSol também passe a integrar o bloco. A legenda deve lançar candidato próprio.
Segundo a presidente do PT, a oposição também pretende sugerir um nome para a candidatura, que deve ser anunciada por Maia na semana que vem. Atualmente, a disputa interna está entre dois possíveis candidatos: Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Os dois estavam ao lado de Maia enquanto ele anunciava a nova formação do bloco.
Com as novas adesões, os partidos que integram o bloco passam a ser Cidadania, DEM, MDB, PCdoB, PDT, PSB, PSDB, PSL, PT, PV e Rede. No total, as bancadas contam com 281 deputados. O bloco de Arthur Lira, por enquanto, tem cerca de 201 deputados. São necessários 257 dos 513 para vencer a eleição para presidir a Câmara por dois anos.
Aderir a um bloco, entretanto, não significa que os deputados todos votarão a favor da candidatura. A votação é secreta. A parte do PSL mais alinhada ao governo, por exemplo, deve votar contra a orientação do partido. O mesmo acontece no PSB, que tem deputados a favor da candidatura de Lira.
Durante o anúncio, Maia leu um documento, assinado pelas 11 lideranças, em que o bloco se reafirma como opção democrática e contra o autoritarismo. "Esta não é uma eleição entre candidato A ou B. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser aliado do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news", diz o documento.