Políticos do PSDB criticam Marina
Aloysio Nunes disse que nem ele nem Aécio estão "aterrorizados" com a entrada de Marina Silva como cabeça de chapa do PSB
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2014 às 21h42.
Brasília - Políticos de expressão do PSDB criticaram nesta segunda-feira a candidata do PSB a presidente, Marina Silva .
O senador pelo PSDB de São Paulo e vice na chapa presidencial de Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, disse que nem ele nem Aécio estão "aterrorizados" com a entrada de Marina Silva como cabeça de chapa do PSB nesta corrida presidencial, no lugar do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em Santos.
Para ele, Marina Silva é um incógnita, um "estado de espírito", enquanto a candidatura de seu correligionário não é de improviso, foi elaborada com cuidado, tem força política e capacidade de juntar os melhores aliados em torno das propostas para o Brasil.
Já o ex-governador de São Paulo e um dos vice-presidentes do PSDB, Alberto Goldman, publicou um artigo hoje em que questiona a governabilidade de um eventual mandato presidencial de Marina Silva.
O texto, intitulado "Marina candidata. Uma aventura", foi publicado pelo Instituto Teotônio Vilela órgão de estudos e formação política dos tucanos.
Com o crescimento da candidata pelo PSB nas pesquisas de intenção de voto, tucanos e petistas começaram a adotar uma estratégia de que a ex-ministra não tem experiência administrativa para comandar o País pelos próximos quatro anos.
Questionam também a suposta dificuldade dela em dialogar com os demais poderes da República.
No artigo, Goldman afirma que ninguém põe em dúvida a integridade moral de Marina. Mas lembrou que ninguém tinha dúvidas sobre a integridade de Dilma Rousseff e o governo dela "está sendo um desastre para o país".
"É preciso lembrar que a nossa atual presidente tinha ao seu lado um grupo consistente de quadros políticos, alguns que já estavam exercendo o ofício no governo Lula, a despeito da perda provocada pelo mensalão.
Se grande parte desse grupo transformou-se, no exercício do governo, em uma gang (sic), agasalhada por Dilma, de predadores do Estado brasileiro, são outros quinhentos", afirma, no texto.
O vice-presidente do PSDB diz que Marina está só e, à primeira vista, "isso parece uma virtude porque ela não se macula com o lixo político que infesta a vida das instituições do país".
"Quer ganhar com esta imagem. E se ganhar, como vai governar? O sistema democrático brasileiro é constituído de três poderes. Além do Executivo e do Judiciário, temos o Poder Legislativo, eleito pelo voto popular, o que lhe dá legitimidade. Ele não lhe será nada dócil", avisa o tucano.
Goldman conclui o texto afirmando que "não basta parecer uma santa, uma imagem da Madre Teresa de Calcutá".
Para ele, Marina terá uma realidade que não lhe será favorável caso vença a corrida presidencial. E deixa um alerta: "Por isso, eleitor, é bom saber como ela o fará.
Eu também quero derrotar a Dilma e tirar essa corja que assumiu o poder, mas tenho responsabilidades como cidadão desse país. Mergulhar no espaço vazio, sem paraquedas, não!".
Segundo turno
Aloysio disse não apostar que a candidata do PSB vá ameaçar a ida dos tucanos ao segundo turno.
O senador evitou falar sobre as informações que circulam nos bastidores de que Marina já teria ultrapassado Aécio nas pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas esta semana.
E disse que é contrário a uma campanha de ataques aos adversários, preferindo uma campanha propositiva.
Mesmo assim, teceu críticas a Marina durante a entrevista ao Broadcast Político, serviço da Agência Estado de notícias em tempo real, dizendo que ela demonstra profunda ingenuidade ou desprezo às instituições políticas ao pregar, nesta fase da campanha, que pretende governar com as melhores cabeças de todos os partidos, citando nominalmente o candidato ao Senado Federal pelo PSDB de São Paulo, José Serra.
Além disso, o senador tucano disse que são preocupantes as entrevistas que Marina concede, falando sobre o papel do Congresso Nacional, o elogio aos conselhos populares e suas posições sobre as hidrelétricas, cujo setor já vive uma grande crise na gestão petista.
"Sou contra qualquer tipo de messianismo, o partidário de Dilma Rousseff e o pessoal de Marina Silva", frisou.