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Polícia liga helicóptero apreendido com ex-piloto de deputado à Gegê

Helicóptero que seria usado para o transporte de drogas e de integrantes do PCC, facção criminosa que detém o controle do tráfico no Estado

PCC: Gegê do Mangue, apontado como principal líder da facção em liberdade, foi assassinado no Ceará em fevereiro (Reprodução/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de abril de 2018 às 20h37.

A Polícia Civil apreendeu na manhã desta quinta-feira, 26, em Arujá, na Grande São Paulo, um helicóptero que seria usado para o transporte de drogas e de integrantes do Primeiro Comando da Capital ( PCC ), facção criminosa que detém o controle do tráfico no Estado e em outras regiões do País, e prendeu em flagrante três homens acusados de associação criminosa.

Um deles é Rogério Almeida Antunes, o piloto do helicóptero do ex-deputado estadual mineiro Gustavo Perrella (SD), flagrado em 2013 com 450 quilos de cocaína.

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A investigação que terminou nas prisões teve início em novembro passado, em uma ação que tinha como alvo o traficante Gegê do Mangue, apontado como principal líder do PCC em liberdade, assassinado no Ceará em fevereiro a mando, segundo a polícia, de outra liderança do grupo, Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, com o aval do líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Segundo o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Aldo Galeano, responsável pela operação, uma investigação em andamento na cidade do ABC, ainda no ano passado, que terminou com a apreensão de 600 quilos de cocaína que iriam para o porto de Santos, acabou por identificar, durante escutas telefônicas, que Gegê se preparava para viajar para o nordeste do País.

A apuração foi que o traficante usaria o helicóptero apreendido nesta quinta e a aeronave passou a ser monitorada -- segundo o delegado, a partir dos hangares em que os pilotos costumavam usar para sua manutenção. Gegê, entretanto, usou outra aeronave para a viagem.

"Até aquele momento, não sabíamos da rixa dele com o restante da facção", diz Galeano.

As apurações terminaram após o assassinato de Gegê, quando ele e outro integrante da quadrilha, Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram mortos a tiros.

Entretanto, entre novembro passado e anteontem, o helicóptero havia desaparecido do monitoramento policial. "A aeronave foi para o Mato Grosso do Sul e, de lá, para o Paraguai.

Pelos registros, pudemos identificar 50 horas de voo dela no País", continua o delegado. Nesta quinta, ao receberem a informação de que o helicóptero havia retornado, os policiais foram até o Hangar.

Prisões

Rogério Almeida Antunes, o piloto de Perrella, estava acompanhado de seu irmão, Leonardo Almeida Antunes, e de outro piloto, Luis Paulo Mattar Pereira. "Ele (Rogério) ia dar instruções de voo para os outros dois, ensinar eles a voar baixo para ficar fora da detecção dos radares", afirma Galeano.

A polícia terminou por concluir que o ex-deputado Perrella, que hoje é diretor de Desenvolvimento de Projetos na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não tinha nenhuma ligação com as atividades criminosas praticadas por seu piloto.

Helicóptero

O helicóptero, ainda de acordo com o delegado, pertencia a Felipe Ramos de Morais, um prestador de serviços do PCC, de acordo com Galeano. "Ele era responsável por toda a logística aérea da quadrilha, na ligação entre as drogas do Paraguai e São Paulo", diz. "Foi ele o responsável por conseguir o helicóptero que Gegê terminou usando", afirma.

Morais, que segundo o delegado já é foragido da Justiça pela morte de Gegê, usaria um laranja, Fabio Pinheiro de Andrade Alvani, para adquirir aeronaves. "Já apreendemos três helicópteros dele", afirma -- além do desta quinta e daquele que levou Gegê, houve ainda uma aeronave apreendida ainda no ano passado, em São Caetano do Sul.

Alvani teria adquirido o helicóptero de uma empresa de participações que também é investigada. As três aeronaves apreendidas já haviam sido compradas e vendidas pela empresa.

A polícia suspeita que a própria venda das aeronaves, feita por valores acima dos de mercado, fossem operações para lavagem de dinheiro. Alvani ainda é investigado, mas a polícia não fez ainda pedidos para sua prisão.

"O negócio do Gegê no Paraguai se tornou muito lucrativo. Isso criou um problema para eles (os traficantes). Eles tinham de encontrar formas de enviar para o Brasil o dinheiro arrecadado. O que vamos fazer agora é investigar como o dinheiro vinha sendo lavado", conclui Galeano.

A reportagem não conseguiu localizar defensores nem dos homens presos nem de Morais e Alvani.

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