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Procuradoria apura propina de Esteves na África

Investigação: a PGR suspeita que o banqueiro pagou propina na compra de ativos da Petrobras na África


	Investigação: a PGR suspeita que o banqueiro pagou propina na compra de ativos da Petrobras na África
 (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Investigação: a PGR suspeita que o banqueiro pagou propina na compra de ativos da Petrobras na África (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 07h34.

Brasília - A Procuradoria-Geral da República suspeita que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, pagou propina na compra de ativos da Petrobras na África.

A informação está na delação premiada do lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e sustenta a denúncia criminal do Ministério Público Federal contra Esteves, preso em Bangu, no Rio.

André Esteves foi detido por ordem do Supremo Tribunal Federal no dia 25 de novembro, com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo Dilma no Senado. Ambos são acusados de tramar contra a Operação Lava Jato.

"Fernando Antônio Falcão Soares também depôs de molde a fornecer elementos no sentido de que houve pagamento de vantagem indevida, pelo denunciado André Esteves, no contexto da aquisição, pelo Banco BTG Pactual, de ativos da Petrobras na África", apontou a acusação da Procuradoria.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acrescentou: "Observa-se, a propósito, que o denunciado Delcídio do Amaral admitiu, em seu interrogatório policial, saber que o denunciado André Esteves já teve negócios de exploração de petróleo na África".

Ex-presidente

Ao apresentar denúncia criminal contra Esteves e Delcídio ao Supremo, o procurador-geral da República destacou ainda as revelações de outro delator da Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

O ex-dirigente da estatal envolveu André Esteves em outro episódio de corrupção. Segundo Cerveró, o banqueiro pagou R$ 6 milhões em propinas ao senador Fernando Collor (PTB-AL) - essa informação já havia sido feita ao Ministério Público Federal pelo doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato.

A quantia teria sido repassada ao ex-presidente da República (1990-1992) para que a BR Distribuidora - subsidiária da Petrobras - cedesse sua bandeira para uma rede de 120 postos de combustíveis controlada pelo Banco BTG Pactual, em sociedade com o Grupo Santiago, em São Paulo. Collor, segundo os investigadores, teria forte influência sobre a BR Distribuidora.

"O Banco BTG Pactual, em sociedade com o Grupo Santiago, tinha a propriedade de 120 postos de combustíveis em São Paulo/SP e pagou vantagem indevida no valor de R$ 6 milhões ao senador Fernando Collor para que a BR Distribuidora S/A, sobre cujos dirigentes ele tinha influência política, pagasse para que esses postos adotassem a bandeira BR", acentuou o chefe do Ministério Público Federal.

Gravação

Esteves também foi citado em conversa gravada pelo filho de Cerveró, Bernardo, em 4 de novembro de 2015, em Brasília, durante uma reunião entre ele, o senador, o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, e o advogado Edson Ribeiro. No encontro, segundo a Procuradoria, Delcídio se dispôs a comprar o silêncio de Cerveró, que estava fechando acordo de delação.

Segundo Janot, o custeio do auxílio incumbiria, em sua maior parte, a Esteves, sob a condição de que Cerveró não fizesse delação ou que, se o fizesse, "não fornecesse aportes probatórios sobre os denunciados Delcídio do Amaral e André Esteves nem sobre o Banco BTG Pactual".

Na denúncia, Janot declara que Esteve faz parte da "engrenagem".

"Com relação ao denunciado André Esteves, embora ele não estivesse presente na reunião gravada no dia 4 de novembro de 2015, é inequívoca a prova de sua atuação na organização criminosa antes descrita e na engrenagem: financeira da atuação do denunciado Delcídio do Amaral para evitar, retardar ou modular o conteúdo da colaboração premiada de Nestor Cerveró."

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