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PF mira contratos de R$ 6 bi da Petrobras com empresas de navios

Líder mundial no transporte de contêineres, dinamarquesa Maersk é alvo da operação

Polícia Federal: 50 agentes cumprem mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e em Niterói (Geraldo Falcão/ Agência Petrobras/Divulgação)
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Agência O Globo

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 10h02.

Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 10h58.

São Paulo — A força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba deflagrou na manhã desta quarta-feira a 70ª fase da operação. Os investigadores apuram desvios em contratos de afretamentos de navios realizados pela diretoria de Abastecimento da Petrobras. Os contratos, de acordo com a Polícia Federal (PF) chegam a R$ 6 bilhões.

Uma das empresas investigadas é a dinamarquesa Maersk. Além delas, as intermediárias Tide Maritime e Ferchem também são alvos da operação. A Petrobras utiliza os serviços dessas empresas para o transporte marítimo de produtos, como petróleo e derivados.

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Para esses transportes, realiza contratos de afretamento com armadores, como a Maersk, e os "shipbrokers", empresas que atuam como corretoras nas negociações.

Ao todo, 50 agentes cumprem mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e em Niterói. A maioria das ordens é cumprida na capital fluminense, onde 10 endereços são alvos.

"Há suspeitas de que algumas empresas teriam sido beneficiadas com informações privilegiadas acerca da programação de contratação de navios utilizados para transporte marítimo de petróleo e derivados da empresa, de forma que tiveram valiosa vantagem competitiva na captação dos negócios. Em contrapartida, há evidências de pagamentos de propina a empregados da empresa pública", comunicou a Polícia Federal.

Entre 2002 e 2012, a Maersk e suas subsidiárias firmaram 69 contratos de afretamento com a Petrobras em um valor de R$ 968 milhões. A Tide Maritime fechou 87 contratos de afretamento entre 2005 e 2018, com valores que chegam a R$ 2,8 bilhões. Por fim, a Ferchem intermediou 114 contratos em um valor superior a R$ 2,7 bilhões entre 2005 e 2015.

"A suspeita do pagamento da corrupção recai sobre os valores recebidos pelos corretores intermediários que, mesmo estabelecidos em uma pequena porcentagem dos contratos, alcançam vultosas somas de dinheiro e — apura-se — contribuíram para abastecer esquemas de corrupção sistemática reiteradas vezes demonstrados ao longo da Operação Lava Jato", afirma a PF.

Em relação à Maersk, a operação utilizou informações da delação premiada firmada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Ele apontou a empresa como responsável pelo pagamento de propina a ele em troca de informações privilegiadas. A empresa teria pago propinas de pelo menos US$ 3,4 milhões, segundo o Ministério Público Federal.

A operação foi batizada de "Óbolo", unidade de massa usada na Grécia Antiga e também o nome da moeda utilizada para remunerar o barqueiro Caronte que, na mitologia grega, era o responsável por conduzir as almas através do rio que separava o mundo dos vivos do mundo dos mortos.

O GLOBO procurou as empresas investigadas e aguarda um posicionamento.

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