Petrobras abriu investigação interna por pressão da PwC
Empresa disse à estatal que não assinaria os resultados trimestrais e teria que alertar as autoridades americanas caso não fossem tomadas as ações apropriadas
Da Redação
Publicado em 30 de outubro de 2014 às 15h51.
A decisão da Petrobras de investigar alegações de propinas pagas a empreiteiras só foi tomada após um ultimato da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers , segundo duas pessoas com conhecimento sobre o assunto.
A PwC disse à estatal que não assinaria os resultados trimestrais e teria que alertar as autoridades americanas caso não fossem tomadas as ações apropriadas, disseram as pessoas, que pediram para não ser identificadas porque o assunto é sigiloso.
As pessoas não informaram quando o pedido foi encaminhado à estatal.
A Petrobras não respondeu a pedido de comentário enviado por e-mail. A PwC disse em resposta por e-mail que não pode comentar sobre clientes. O contrato de 3 anos com a Petrobras se encerra em 31 de dezembro.
A Petrobras disse em 27 de outubro que contratou duas empresas independentes de investigação para apurar a natureza, extensão e impacto das ações que possam ter sido cometidas no contexto das alegações feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Hoje, a Petrobras informou que as empresas contratadas foram Trench, Rossi Watanabe Advogados e Gibson, Dunn Crutcher.
Costa, que deixou a companhia em 2012 e em abril foi acusado de lavagem de dinheiro, disse ter recebido propina de empreiteiras que foram contratadas pela estatal por contratos superfaturados.
A Petrobras disse em 17 de outubro que criou comissões para apurar denúncias da operação Lava Jato para averiguar indícios ou fatos contra a empresa e subsidiar medidas administrativas e procedimentos decorrentes.
A Petrobras disse naquela ocasião estar estudando medidas jurídicas adequadas para ressarcimento dos danos sofridos.
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.