Brasil

Pesquisa revela diferenças na escolha do método contraceptivo entre as brasileiras

Estudo inédito mostra que as novas gerações iniciam a vida sexual mais cedo, aderiram em massa à pílula e não aceitam apenas a palavra do médico

Mudanças comportamentais e sociais: estudo analisou transformações entre mulheres de gerações diferentes (Getty Images)

Mudanças comportamentais e sociais: estudo analisou transformações entre mulheres de gerações diferentes (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 21h23.

São Paulo - Poucas invenções foram capazes de criar transformações tão profundas na sociedade quanto a pílula anticoncepcional. Desde 1960, quando chegou ao mercado americano — e depois para o resto do mundo — ela vem sendo um motor de mudanças. Um estudo inédito feito pelo Ibope, divulgado nesta quarta-feira, mostra a extensão dessas alterações em gerações diferentes de mulheres brasileiras. A pesquisa foi desenvolvida por profissionais da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A pesquisa aplicou, em maio deste ano, um questionário em mil mulheres de dez capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Curitiba. As voluntárias foram divididas em dois grupos: aquelas que tinham entre 18 e 46 anos foram classificadas como sendo das gerações X e Y, e aquelas com idades entre 47 e 65 anos foram classificadas como geração baby boomer.

A primeira diferença entre gerações ficou clara na adesão ao uso da pílula. Entre as mais jovens, 68% fazem uso delas, contra apenas 27% das baby boomers. 


O que é natural, já que boa parte das mulheres da geração baby boomer já passou pela menopausa. As mulheres das gerações X e Y também disseram aceitar a indicação de métodos contraceptivos dos médicos levando em conta o custo acessível e suas necessidades e preferências, enquanto as baby boomers revelaram uma tendência de acatar a decisão do profissional sem considerar outros fatores. As gerações Y e X também mostraram que o fator renda do marido não é mais tão importante na escolha do contraceptivo (16% contra 31%), e revelaram que outros benefícios apresentados pelo método, como controle do ciclo menstrual e melhora da cólica, se tornam cada vez mais relevantes na hora da escolha: 36%, em oposição a 25%.

"Isso é um reflexo da maior quantidade de informação que chega às mulheres, tanto por meio dos veículos de comunicação quanto pelas amigas. As pacientes chegam cada vez mais jovens e exigentes no consultório quando vão buscar a indicação de um método contraceptivo", explica a médica ginecologista Cristina Guazzelli, professora da Escola Paulista de Medicina e uma das autoras do estudo.

Espera pelo casamento acabou — Quanto às atividades sexuais, o estudo deixa claro que a cada geração a idade da primeira relação diminui. Cerca de 80% das mulheres das gerações Y e X tinham menos de 16 anos quando fizeram sexo pela primeira vez, enquanto as mulheres baby boomers tinham, em sua maioria (47%), entre 16 e 20 anos quando isso aconteceu. Ainda entre as baby boomers, 27% iniciaram a vida sexual entre 21 e 25 anos. Somente 2% da geração XY começou nesta faixa de idade. Os motivos que levaram ao início dessas atividades também mudaram: 54% das mulheres da geração baby boomer disseram que o casamento foi o principal fator que levou ao início da vida sexual, enquanto esse número foi de apenas 4% entre as mais jovens.

Mais profissionais, menos donas de casa — Algumas mudanças reveladas já são percebidas pela sociedade há bastante tempo, como o aumento do papel profissional das mulheres. Entre as mulheres das gerações Y e X, 58% disseram considerar que exercem tal papel, enquanto somente 19% das mulheres da geração baby boomer responderam o mesmo. As participantes mais jovens também mostraram um aumento no papel de chefe de família: 56%, em oposição aos 18% das baby boomers. A pesquisa também revelou que as gerações mais novas se consideram cada vez menos donas de casa e esposas (38 e 35% das mulheres XY contra 63 e 59% das baby boomers), mas, mesmo assim, o papel de mãe continua sendo o predileto das duas gerações, 69 e 72%, respectivamente entre as XY e baby boomers.

Acompanhe tudo sobre:ComportamentoMulheresSaúde

Mais de Brasil

Regulamentação da IA deve ser votada pelo Senado antes do recesso, diz Pacheco

Após decisão do STF, Lira cria comissão para analisar PEC das drogas na Câmara

Maconha vai ser legalizada no Brasil? Entenda a decisão do STF sobre a descriminalização da droga

Nova parcela do Pé-de-Meia começa a ser paga nesta quarta-feira

Mais na Exame