Padilha defende agenda econômica como prioridade e diz que CPMI não será foco das atenções
Comissão ainda não foi aprovada; expectativa é que, na quarta, Rodrigo Pacheco faça a leitura do pedido de instalação durante sessão no plenário da Casa legislativa
Redação Exame
Publicado em 24 de abril de 2023 às 17h26.
Última atualização em 24 de abril de 2023 às 17h52.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta segunda-feira que o calendário de votação de medidas econômicas do governo Lula está mantido, independentemente de uma possível Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ( CPMI ) sobre os ataques de extremistas no dia 8 de janeiro. Padilha nega que a “atenção” fique concentrada na investigação do atentado golpista e ressalta que a prioridade é a pauta econômica.
"Eu tenho certeza absoluta que a atenção da sociedade, a atenção do governo e do Congresso Nacional é na pauta econômica do país. A centralidade neste momento é exatamente votarmos o novo regime de sustentabilidade fiscal e social no país. É discutirmos a reforma tributária e votarmos a recriação de programas que estão através de medidas provisórias, como o Bolsa Família; Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos etc. Essa centralidade estará mantida", disse.
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Padilha conversou com jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, onde teve encontro com o ministro Fernando Haddad. O relatório de atividades do grupo de trabalho da reforma tributária na Câmara deve ser apresentado em 16 de maio, enquanto a nova âncora para as contas públicas deve ter votação até 10 de maio.
O relator do projeto de lei complementar que institui o novo regime fiscal é o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), que já se definiu como "independente de vinculações políticas". Padilha elogiou ele, embora ressalta as diferenças partidárias:
"Ele vem de um partido que se declara de oposição ao governo, mas que abriu muito diálogo e vários debates. Cajado tem o perfil de ser um parlamentar experiente, que já conduziu outros debates orçamentários no Congresso Nacional. Acredito ser um relator com bastante capacidade e experiência, apropriado para esse debate", disse Padilha, pontuando que espera um perfil semelhante para a relatoria no Senado.
Nesta semana, o ministro das Relações Institucionais confirmou que o governo vai trabalhar para aprovação dessas três pautas relevantes no Congresso. Na lista estão o projeto de lei que viabiliza o reajuste linear de 9% aos servidores do Executivo e a autorização de recursos para apoiar a implementação do piso da enfermagem. A terceira pauta é a garantia de recursos para a área de ciência e tecnologia, segundo Padilha.
O que é CPMI?
Uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) é uma comissão mista e temporária criada a partir de requerimento de pelo menos um terço dos membros de cada Casa do Congresso Nacional.
O objetivo do colegiado é investigar fato determinado por prazo certo, com poderes próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das Casas.
O colegiado deve ser formado por 44 parlamentares: 11 senadores como titulares e 11 com suplentes. Na Câmara, segue o mesmo padrão com 11 titulares e 11 suplentes
CPMI 8 de janeiro foi aprovada?
Ainda não. A expectativa é que na quarta-feira, 26, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), faça a leitura do pedido de instalação durante sessão no plenário da Casa legislativa.
A partir da leitura do requerimento, os blocos partidários se organizam para indicar os membros da comissão.
Essas indicações levam em consideração o tamanho dos partidos e dos blocos partidários nas duas Casas. Quanto maior o bloco, mais representatividade dentro da comissão e mais chances de conseguir indicar os nomes para a presidência e para a relatoria.
O prazo de funcionamento da comissão é limitado. Inicialmente, são 120 dias para investigar os fatos e apresentar um relatório final, que poderá propor uma nova lei para sanear o problema.
Esse prazo pode ser prorrogado, desde que não ultrapasse o período da legislatura em que for criada. O autor do requerimento, no entanto, pediu o prazo de 180 dias para as investigações no colegiado.
(Com Agência O Globo)