OMS: situação no Manaus está ligada a festas de fim de ano e relaxamento
Segundo diretor executivo da OMS, assim como na Europa, as "festas de final de ano levaram pessoas a se juntarem como não vinham fazendo"
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de janeiro de 2021 às 17h31.
Última atualização em 15 de janeiro de 2021 às 18h46.
A situação em Manaus foi destaque durante a coletiva da Organização Mundial da Saúde ( OMS ) sobre a pandemia de covid-19 nesta sexta-feira, 15. A entidade afirmou que a situação no Amazonas piorou, e disse que há um grupo da OMS trabalhando junto aos governos federal e estadual.
Diretor executivo da OMS, Mike Ryan disse que "há falta de oxigênio em Manaus, mas que isso não é fácil de se transportar de outros Estados". Ainda assim, reforçou a solidariedade no País para indicar que acredita que haverá deslocamento de recursos para o Amazonas. Ryan alertou que a região como um todo passa por um momento difícil, citando os Estados de Amapá e Rondônia.
"Vários locais passaram por algo parecido com Manaus, como Nova York e o norte da Itália", segundo Ryan. A diretora-assistente do OMS, Mariangela Simão, afirmou que o que ocorreu na capital amazonense "não foi apenas questão de recursos, mas de falsa sensação de segurança", e que a "situação em Manaus é um alerta para o mundo de que o problema não acabou".
Segundo Ryan, assim como na Europa, as "festas de final de ano levaram pessoas a se juntarem como não vinham fazendo" e ajudam a explicar a situação. O diretor vê a situação difícil no Amazonas, com profissionais e sistema de saúde esgotados.
Para o diretor, é muito fácil culpar a nova variante do coronavírus pela situação, "mas temos de assumir nossa responsabilidade", ao não conter a escalada de casos. Ryan acredita que a mutação possa ter tido algum efeito, mas aponta a falha em conter a transmissão como a grande responsável. A OMS está trabalhando com profissionais no Brasil para o sequenciamento do vírus e lembra que, quanto mais o patógeno circula, maiores as chances de mutações.
A vacinas são parte importante da contenção de casos e mortes, mas não as únicas, voltou a ressaltar a OMS, lembrando de ações como isolamento, testes, o uso da dexametasona em casos graves e oxigênio.
Como a imunização não será efetiva em todos, há a perspectiva de que a situação possa vir a piorar antes de melhorar, a despeito das vacinações.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reforçou a meta de todos os países terem a imunização iniciada dentro dos próximos 100 dias. Por meio da Covax, a expectativa é que a entrega em massa de vacinas comece entre o segundo e o terceiro trimestres.
No momento, Ryan avalia que não há evidência para requerer vacinação para liberar entrada em países, tendo em vista que apenas profissionais de saúde e pessoas de maior risco vêm sendo imunizadas, algo que pode mudar com o avanço das campanhas.
Sobre a missão para identificar as origens do vírus, a OMS afirmou que a equipe já se encontrada em Wuhan, mas comentou que não é possível dar mais detalhes no momento.