"O valor do que foi destruído é incalculável", diz diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais
Ainda não há um levantamento descritivo de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a equipe responsável fez uma avaliação preliminar de estragos em peças icônicas do acervo
Agência O Globo
Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 12h51.
Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 13h10.
O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, acredita que será possível recuperar a maioria das obras vandalizadas em ato terrorista nas sedes dos três Poderes neste domingo em Brasília. No entanto, ele avalia que a restauração do Relógio de Balthazar Martinot deverá ser "muito difícil".
"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa", afirmou Carvalho. "O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico. Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro.
Os terroristas que invadiram o Palácio do Planalto neste domingo destruíram parte importante de seu acervo artístico e arquitetônico. Ainda não há um levantamento descritivo de todas as pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas, mas a avaliação preliminar feita pela equipe responsável aponta os seguintes estragos em peças icônicas do acervo:
No andar térreo:
Obra Bandeira do Brasil, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
Galeria dos ex-presidentes — totalmente destruída, com todas as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.
No 2º andar:
O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.
No 3º andar:
Obra As mulatas, de Di Cavalcanti — a principal peça do Salão Nobre do Palácio do Planalto foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanho. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões, mas peças desta magnitude costumam alcançar valores até cinco vezes maior em leilões.
Obra O Flautista, de Bruno Jorge — a escultura em bronze foi encontrada completamente destruída, com pedaços espalhados pelo salão. Está avaliado em R$ 250 mil.
Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg — quebrada em diversos pontos. A obra se utiliza de galhos de madeira, que foram quebrados e jogados longe. A peça está estimada em R$ 300 mil.
Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do século 17 foi um presente da Corte Francesa para dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão
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