O que faz o Iphan, órgão envolvido em crise de ministros de Temer
Ex-ministro da Cultura disse que foi pressionado por Geddel a liberar obra embargada pelo escritório nacional do instituto
Bárbara Ferreira Santos
Publicado em 22 de novembro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 22 de novembro de 2016 às 06h00.
São Paulo — O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ficou sob os holofotes na semana passada quando o então ministro da Cultura , Marcelo Calero, pediu demissão. Na saída do governo Michel Temer (PMDB), Calero acusou o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) de tê-lo pressionado a produzir parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais em entrevista dada ao jornal Folha de S.Paulo.
Segundo Calero, o articulador do governo Temer o procurou para que o Iphan, órgão subordinado à Cultura, aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, localizado próximo a uma área tombada em Salvador.
Reportagem da Folha desta segunda-feira, 21, revela que o presidente Michel Temer tentou esvaziar o Iphan em maio desse ano, ao criar a Secretaria Nacional de Patrimônio Histórico. Segundo a Folha, Geddel planejava emplacar na nova secretaria o ex-superintendente do Iphan na Bahia Carlos Amorim, que, em 2014, autorizou a construção do La Vue, decisão depois desfeita pelo Iphan nacional.
Para saber quais são as funções do Iphan, Exame.com separou algumas perguntas e respostas:
O que o Iphan faz?
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País. Entre as funções do órgão, está o controle de construções, reformas e restauros no patrimônio cultural, incluindo imóveis, regiões ou até cidades tombadas. O órgão pode autorizar ou barrar uma obra que ponha em risco o patrimônio histórico ou suas características artísticas e culturais.
Quem dirige?
A sede do Iphan fica em Brasília e é presidida pela historiadora Kátia Bogéa, que ingressou no Iphan do Maranhão como estagiária em 1980 e fez sua carreira na pesquisa do patrimônio histórico.
Sob responsabilidade do Iphan nacional, há 27 Superintendências (uma em cada Unidade Federativa); 27 Escritórios Técnicos, a maioria deles localizados em cidades que são conjuntos urbanos tombados, as chamadas Cidades Históricas; e, ainda, cinco Unidades Especiais, sendo quatro delas no Rio de Janeiro: Centro Lucio Costa, Sítio Roberto Burle Marx, Paço Imperial e Centro Nacional do Folclore e Cultura Popular; e, uma em Brasília, o Centro Nacional de Arqueologia.
Quando foi criado?
Foi criado em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei nº 378, assinada pelo então presidente Getúlio Vargas.
Qual o orçamento?
De acordo com a Lei Orçamentária Anual, o orçamento do Iphan para todo o ano de 2016 corresponde a R$ 349.913.692.