Damares Alves assegurou que buscará a paz entre movimentos LGBT e grupos conservadores (YouTube/Reprodução)
AFP
Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 11h28.
Última atualização em 7 de dezembro de 2018 às 18h36.
A pastora evangélica Damares Alves, anunciada nesta quinta-feira (6) como a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro, assegurou que buscará a paz entre movimentos LGBT e grupos conservadores.
O anúncio foi feito em Brasília pelo futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que coordena a equipe de transição. Damares Alves é advogada e atualmente trabalha como assessora do senador Magno Malta, também pastor evangélico e um importante aliado na vitória de Bolsonaro.
Sob sua jurisdição também ficarão as políticas para as comunidades indígenas, por meio da Fundação Nacional do Índio (Funai).
"A pauta LGBT é muito delicada, mas a minha relação com os movimentos LGBT é muito boa. Eu tenho entendido que dá para a gente ter um governo de paz entre o movimento conservador, o movimento LGBT e outros movimentos", disse Damares Alves à imprensa.
Durante a sua trajetória política, Bolsonaro tem sido muito criticado pelos movimentos de pessoas lésbicas, gays, transexuais e bissexuais (LGBT) e grupos feministas por diversas declarações de cunho misógino e homofóbico, discurso que moderou.
Damares Alves é a segunda mulher no gabinete de Bolsonaro, depois da ministra da Agricultura, Teresa Cristina. A equipe do presidente eleito é integrada por militares, ministros economicamente liberais e moralmente conservadores.
"Nós vamos trazer para o protagonismo políticas públicas que ainda não chegaram para as mulheres (...), propor para a nação um grande pacto pela infância, que vai ser prioridade neste governo. O maior e o primeiro direito a ser protegido é o direito à vida", assegurou. Também se definiu como contrária ao aborto.
"Nós queremos um Brasil sem aborto. Um Brasil que priorize politicas públicas e de planejamento familiar. Que o aborto não seja considerado como método anticonceptivo. O aborto apenas nos casos necessários e aqueles que estão previstos em lei. Acredito que a legislação não deve ser alterada", continuou.
No Brasil, o aborto não é punido quando a gravidez coloca a vida da mãe em perigo, quando há malformação do feto e quando é consequência de um estupro.
Bolsonaro também tem sido crítico com algumas políticas que protegem o meio ambiente e com a demarcação de algumas terras indígenas, pois considera que, como estas leis estão feitas, afetam o crescimento econômico. A indicação do novo ministro do Meio Ambiente ainda está pendente.
Há alguns anos existe no Congresso uma proposta conhecida como PEC 215 para deixar nas mãos deste a demarcação das terras indígenas. Atualmente essa tarefa está a cargo do governo e da Funai.
"Funai não é problema. Índio não é problema. Índio é gente e precisa ser visto como um todo, não é só terra", considerou Alves. "A demarcação é um tema delicado, polêmico, não vamos resolver agora, o novo governo vem com novas propostas" que serão debatidas com vários ministérios, como os da Saúde, Educação e Cidadania.