No Google, Nunes é o mais buscado — e potencialmente mais prejudicado — após debate da Globo
Segundo dados do Google Trends, o interesse por Ricardo Nunes foi de 36%, seguido pela deputada Tabata Amaral com 23%
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 14h20.
Última atualização em 4 de outubro de 2024 às 14h37.
Como era esperado, o debate da Globo entre candidatos à prefeitura da cidade de São Paulo gerou uma enxurrada de pesquisas no Google e foi o 5º termo mais buscado no Brasil. O atual prefeito Ricardo Nunes liderou o percentual de interesse, mas talvez não por um bom motivo.
Segundo dados do Google Trends, o interesse por Ricardo Nunes foi de 36%, seguido pela deputada Tabata Amaral com 23%, o influenciador Pablo Marçal com 23%, o deputado Guilherme Boulos com 12% e o apresentador José Luiz Datena com 6%. O programa da TV Globo começou às 22h05 do dia 3/10 e terminou à 0h15 do dia 4/10.
As tendências de busca no Google naturalmente não configuram intenções de votos. Mas acabam servindo como uma proxy — aproximação — para entender os interesses dos cidadãos na disuta eleitoral.
Assim, o encontro da Globo, que teve com audiência de 4 milhões de pessoas, a maior até aqui, foi mais "morno" na comparação com os primeiros embates — que chegaram a ter episódios literais de cadeiradas e socos.
Como esperado, o atual prefeito Ricardo Nunes foi o principal alvo dos adversários, e passou boa parte do tempo se defendendo de acusações de seus adversários.
No quarto bloco, em um confronto direto, Boulos questionou Nunes sobre por que ele “entregou o dinheiro da prefeitura para o cunhado do Marcola?”. O questionamento foi baseado em uma reportagem do UOL que menciona Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) da Prefeitura de São Paulo.
Segundo a publicação, Olivatto é irmão da advogada Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcola, chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ana Maria foi assassinada em 2002, em Guarulhos. Embora não haja indícios de que a relação da advogada com o líder da organização criminosa tenha impactado a trajetória de Olivatto, o servidor tem vínculo comercial com Fernando Marsiarelli, empresário que mais faturou com contratos emergenciais na gestão de Nunes, de acordo com o UOL.
Nunes negou a acusação, afirmando que Olivatto é funcionário de carreira da prefeitura desde 1988 e que ele não tem envolvimento com questões de licitação.
Na sequência, Boulos sugeriu que quem estivesse assistindo ao debate pesquisasse "Nunes cunhado Marcola PCC". Nesse momento, as buscas por Ricardo Nunes dispararam. Antes desse bloco, ele era apenas o quarto candidato mais pesquisado, segundo informações do Google.
De acordo com um levantamento da EXME na ferramenta Google Trends, que monitora as palavras mais buscadas ao longo do tempo, os termos com maior alta de busca relacionados a Ricardo Nunes nas últimas 24 horas foram:
- ricardo nunes cunhado – aumento repentino
- marcola – aumento repentino
- marcola pcc – aumento repentino
- ricardo nunes cunhado do pcc – aumento repentino
- ricardo nunes cunhado de marcola do pcc – aumento repentino
Na coletiva após o debate, a campanha tergivesou sobre o tema e apontou que grupos qualitativos avaliaram o desempenho do prefeito como bom. No entanto, uma associação com um dos criminosos mais conhecidos do país gerou curiosidade entre o público — e a 48 horas da votação. Naturalmente, não são intenções de voto, mas mostram o interesse das pessoas em um tema que traz poucos dividendos políticos positivos a Nunes.
Principais perguntas no Google durante o debate
"Quantos anos tem a Tabata Amaral?" foi a pergunta com maior alta na cidade de São Paulo durante o primeiro bloco do debate da TV Globo.
"Por que Marina Helena não participou do debate Globo?" foi a pergunta com maior alta na cidade de São Paulo durante o segundo bloco do debate.
"O que é esquerda e direita na política?" foi uma das perguntas com maior alta na cidade de São Paulo durante o terceiro bloco do debate.
"Quantos habitantes tem São Paulo?" foi uma das perguntas com maior alta na cidade de São Paulo durante o quarto bloco do debate.