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“Não renunciarei, sei dos meus atos”, diz Temer em pronunciamento

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um inquérito contra o presidente

Presidente Michel Temer faz pronunciamento, dia 18/05/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Michel Temer faz pronunciamento, dia 18/05/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 18 de maio de 2017 às 16h17.

Última atualização em 20 de maio de 2017 às 10h32.

São Paulo – O presidente Michel Temer afirmou em pronunciamento nesta quinta-feira (18) que não irá renunciar depois de depoimento do empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F, cujo conteúdo foi divulgado na noite de ontem pelo jornal O Globo. “Não renunciarei, sei da correção dos meus atos”, disse Temer.

Ele é acusado de supostamente ter dado aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. O diálogo teria sido gravado pelo empresário Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F.

"Ouvi, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com ex-deputado. auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse e somente tive conhecimento deste fato nessa conversa pedida pelo empresário", disse. 

E continuou: "Não temo nenhuma delação, não preciso de cargo público, nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome", disse.

No início da tarde de hoje (18), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um inquérito contra o presidente a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Segundo o presidente, durante a investigação no STF, ele irá demonstrar que não tem nenhuma culpa. "Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso é com o Brasil e só isso me guiará", concluiu.

Assista ao primeiro pronunciamento de Temer após delação da JBS

Leia a íntegra do pronunciamento:

"Ao cumprimentá-los, eu quero fazer uma declaração à imprensa brasileira e uma declaração ao país. Desde logo ressalto que só falo agora sobre fatos que se deram ontem porque tentei conhecer, primeiramente, o conteúdo de gravações que me citam. Solicitei, aliás, oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos. Mas até o presente momento não o consegui.

Quero deixar muito claro dizendo que o meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno do crescimento da economia e os dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. Otimismo retornava e as reformas avançam no Congresso Nacional.

Ontem, contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto todo o imenso esforço de retirar o país de sua recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país.

Ouvi, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com ex-deputado. auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse e somente tive conhecimento deste fato nessa conversa pedida pelo empresário.

Repito e ressalto: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém.

Por uma razão singelíssima, exata e precisamente, porque não temo nenhuma delação. Não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome, na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei por isso mesmo que utilizasse o meu nome indevidamente.

E, por isso, quero registrar enfaticamente a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território onde surgirão todas as explicações. E, no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.

Não renunciarei! Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade e de dúvida, não pode existir por muito tempo.

Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução respeitantemente a essas investigações. Tanto esforço e dificuldades superadas, meu único compromisso, senhoras e senhores, é com o Brasil. E é somente este compromisso que me guiará.
Muito obrigado e muito boa tarde a todos"

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