Brasil

Não pedimos subsídios, queremos incentivos, diz CEO da Volkswagen Caminhões sobre descarbonização

Cortes afirma que o Brasil, diferente da Europa e os Estados Unidos, deve caminhar para um modelo híbrido de descarbonização, com veículos elétricos e movidos a biocombustíveis

Roberto Cortes: CEO da Volks Caminhões e ônibus mostra otimismo com o Brasil (Volks/Divulgação)

Roberto Cortes: CEO da Volks Caminhões e ônibus mostra otimismo com o Brasil (Volks/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de junho de 2024 às 12h02.

Última atualização em 19 de junho de 2024 às 12h17.

Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, afirma que para o Brasil se tornar referência na eletrificação e descarbonização da frota de veículos é preciso que o governo crie políticas públicas que estimulem a indústria e os consumidores.

"Nós não pedimos subsídios, queremos incentivos para fazer as coisas acontecerem. Com isso, temos certeza de que o Brasil terá chance de atingir qualquer meta de descarbonização", diz Cortes em entrevista exclusiva à EXAME.

Nesta quarta-feira, 19, a montadora lançou os primeiros testes de operação real de um protótipo de ônibus elétrico movido à bateria de íons de lítio com nióbio. A nova tecnologia, desenvolvida em parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e a Toshiba, promete uma recarga ultrarrápida, em que o veículo pode atingir a carga máxima em apenas 10 minutos.

O executivo afirma que o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que dá incentivos fiscais a montadoras que investirem em descarbonização, é um ótimo indicativo. Mas para que o setor siga criando novas tecnologias é necessário ir além. Cortes sugere o lançamento de incentivos para produção nacional de veículos elétricos e um programa para a renovação da frota de veículos.

"A frota brasileira é velha, polui muito e gera muitos acidentes. A nossa frota é duas vezes mais velha que a americana ou europeia", afirma o CEO.

Cortes afirma que o Brasil, diferentemente da Europa e dos Estados Unidos, deve caminhar para um modelo híbrido de descarbonização, com veículos elétricos e movidos a biocombustíveis, como o biodiesel.

"O veículo elétrico é bem mais eficiente, por isso ele deve prevalecer nesse primeiro momento. Mas o Brasil, em função da característica e disponibilidade na agricultura e nas energias renováveis, vai ter uma composição veículos elétricos e movidos a biocombustíveis", diz.

Cenário positivo para investimentos, mas taxa de juros preocupa

Sobre o cenário econômico, Cortes diz que a Volkswagen "conhece bem o Brasil" e por isso entende os altos e baixos do país, mas que o ciclo dos próximos 10 anos é visto como positivo pela empresa para fazer investimentos.

A montadora tem um plano de R$ 2 bilhões em investimentos no país, que começou em 2021 e termina em 2025. O executivo alertou, porém, que a taxa de juros no patamar de 10,50% pode inibir ou reduzir propensões futuras.

"Com uma inflação de 3%, 4%, é uma taxa de juros muito alta. A nossa crença é que essa taxa vai cair. Obviamente, ela vai se manter na reunião dessa semana, mas acreditamos que o governo vai continuar com uma política de controle da dívida pública que não vai apresentar motivo para que não haja redução da Selic. Com as coisas voltando às condições normais aumenta a projeção de investimentos e até de compra de caminhões", explica.

Acompanhe tudo sobre:VolkswagenÔnibusIncentivos fiscaisSubsídios

Mais de Brasil

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'

Acidente de ônibus deixa 38 mortos em Minas Gerais