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Na PGR, associação de povos indígenas denuncia Bolsonaro por racismo

Em live, o presidente afirmou que "o índio está evoluindo" e "cada vez mais, é um ser humano igual a nós"

Jair Bolsonaro: o presidente é denunciado por racismo após declarações feitas na live semanal (Adriano Machado/Reuters)
AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 19h20.

Rio de Janeiro — A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) entrou, nesta quinta-feira, com uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro . A associação denuncia o presidente por racismo após declarações feitas na live semanal de Bolsonaro, em que disse que "o índio está evoluindo" e "cada vez mais, é um ser humano igual a nós".

De acordo com o advogado da Apib, Luiz Henrique Eloy, as falas representam uma ideia colonial que desumaniza o indígena e são usadas para legitimar ações que firam seus direitos.

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— Essa é uma fala extremamente preocupante e repugnante. No passado, esse mesmo discurso foi usado para legitimar ações que violavam os direitos indígenas. E é isso que o presidente faz, através dessas falas racistas. Ele quer legitimar todas as suas intenções, desde o garimpo até a exploração das terras indígenas — declarou o advogado.

As falas de Bolsonaro foram feitas ao comentar sobre a criação do Conselho da Amazônia, anunciada na última terça-feira. O órgão será comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão e será responsável por coordenar ações para a proteção, defesa e desenvolvimento sustentável da região nortista.

— Com toda certeza, o índio mudou. Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós. Então, fazer com que o índio cada vez mais se integre à sociedade e seja realmente dono da sua terra indígena. Isso que nós queremos aqui — disse Bolsonaro.

Após a transmissão ao vivo, a coordenadora executiva da Apib, Sonia Guajajara, anunciou pelas redes sociais que iria entrar na justiça contra o presidente.

— Nós, povos indígenas, originários desta terra, exigimos respeito! Bolsonaro mais uma vez rasga a Constituição ao negar nossa existência enquanto seres humanos. É preciso dar um basta à esse perverso! — escreveu Sonia no Twitter.

No documento, a associação cita ainda outras declarações do presidente que ofendeu as comunidades indígenas, como quando discursou no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro.

"Vale lembrar que palestra realizada no Clube Hebraica no Rio de Janeiro, no dia 03.04.17, ora Representado, em mais um discurso de ódio e de intolerância que tem marcado sua atuação, notadamente contra os direitos humanos, desferiu diversas ofensas contra os povos indígenas e comunidades quilombolas", diz a representação.

Na ocasião, Bolsonaro afirmou que não demarcaria terras indígenas ou quilombolas caso fosse eleito presidente.

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