Marcha das Margaridas: mulheres do campo fazem a 6ª edição da marcha (<span>Andre Coelho</span>/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 16h24.
Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 17h42.
Brasília — Organizada a cada quatro anos, a Marcha das Margaridas percorreu nesta quarta-feira (14) cerca de seis quilômetros, para se deslocar do Pavilhão do Parque da Cidade até o Congresso Nacional, em Brasília.
Nesta 6ª edição, o evento teve a participação inédita de delegações de 27 países, além de representantes de todas as unidades federativas do Brasil.
A Polícia Militar do Distrito Federal não apresentou números oficiais sobre quantas pessoas participaram da marcha.
De acordo com a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, este ano a manifestação teve a participação de outras entidades, além das 16 que, desde 2000, participam do evento.
“Fomos reforçados por outras organizações ligadas à defesa dos direitos das mulheres, dos índios, de estudantes e de feministas. Em parte esse reforço se explica pela semana expressiva aqui em Brasília, por causa de outras manifestações”, disse.
Mazé disse que a marcha não está restrita aos seis quilômetros percorridos até a Esplanada dos Ministérios. “Isso aqui é apenas uma coroação; a cereja do bolo, após muitos debates e formações”, disse.
“A marcha não começa e nem termina aqui. Não se trata apenas de uma caminhada. Antes de ela acontecer, nós fazemos debates e formações. Viemos aqui para mostrar que estamos atuantes e queremos respeito. Estamos na resistência. E, daqui, sairemos empoderadas para atuar nas nossas bases, formando pessoas visando a garantia de nossos direitos”.
Na avaliação dos organizadores, a Marcha das Margaridas é “a maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil”.
O nome do evento é uma homenagem à trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves, “um dos maiores símbolos da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade”, explica Mazé, referindo-se à liderança que foi “brutalmente assassinada” em 1983.
Nesta 6ª edição, os organizadores optaram por ir além da apresentação de uma pauta de reivindicações. “Apresentamos uma plataforma, na qual expressamos um modelo de sociedade mais justo, que garanta qualidade para a educação, a saúde; contrário à violência praticada contra mulheres e a favor do acesso a bens comuns, como água e alimentação saudável sem agrotóxicos”, disse ao se referir às 20 propostas públicas apresentadas.
Mazé explicou que nenhum contato foi feito com autoridades governamentais nesta edição. “Tendo interesse, o governo poderá acessar nossas propostas, que são públicas”, disse. “Além disso, temos parlamentares que são nossos porta-vozes. Eles certamente as apresentarão ao governo”.
Segundo a coordenadora da marcha, a atual edição “reforça o coro contra a reforma da Previdência, por entender que não se trata de uma reforma, já que tira direitos em vez de melhorar a vida dos beneficiários. Sabemos que não será fácil, mas atuaremos muito fortemente junto aos senadores para evitá-la”.
O lema da marcha deste ano foi Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência’.