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Mourão sobre coronavírus: portos e aeroportos estão preparados

Segundo o presidente em exercício, existe a possibilidade de o vírus chegar no Brasil, já que outros países já receberam pessoas infectadas

Aeroportos: a Anvisa criou um grupo de trabalho exclusivo para o coronavírus. (Scott Olson/AFP/AFP)

Aeroportos: a Anvisa criou um grupo de trabalho exclusivo para o coronavírus. (Scott Olson/AFP/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 21h26.

Brasília - O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira, 27, que os portos e aeroportos brasileiros estão preparados para receber possíveis pacientes infectados pelo coronavírus. "Desde o dia 22 de janeiro foi acionado protocolo em relação a esse tipo de vírus, então os portos e aeroportos estão vigiados", afirmou.

Mourão destacou ainda que o Ministério da Saúde conta com centro de monitoramento e que "hospitais de referência" estão preparados para receber pessoas infectadas. O risco, ressaltou, não é preocupante. "Não temos viajantes chegando da China. Não temos aeronaves chegando direto da China. As pessoas quando vão para lá fazem escala na Europa ou em outros países", afirmou.

O presidente em exercício disse ainda que seria "leviandade" de sua parte dizer se o vírus chegará ou não ao País. "Existe uma possibilidade. Vários países já receberam pessoas infectadas pelo vírus", disse.

Já o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, disse que a agência reforçou a atenção para casos suspeitos de coronavírus em portos e aeroportos, em especial nos que recebem passageiros procedentes da China, local onde foram registradas as primeiras ocorrências do vírus. Apesar de aumentar o alerta, a agência não vai mudar os procedimentos que já eram adotados para outras doenças.

De acordo com Torres, os protocolos já existentes estão estabelecidos e atualizados - são os mesmos adotados, anteriormente, em situações em que houve risco de entrada de doenças provocadas pelo vírus Ebola e da gripe H1N1. As principais recomendações são: lavar as mãos, sobretudo antes de consumir alimentos, usar lenços descartáveis e cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir.

Torres descartou a necessidade de adoção de medidas mais restritivas como as adotadas em outros países, como a China, que isolou a província de Hubei, a mais afetada. Segundo o presidente da Anvias, a adoção desse tipo de medida é avaliada de maneira dinâmica, e as ações podem ser tomadas conforme a evolução da crise.

Ele destacou que determinadas situações exigem a adoção de medidas restritivas do trânsito de pessoas, como ocorreu na China. "Não se identifica ainda essa necessidade em outros locais, inclusive no Brasil. Se vier a acontecer alguma coisa que assim se justifique, as medidas cabíveis serão tomadas", acrescentou.

Torres também descartou a possibilidade de realização, no momento, de triagens compulsórias para evitar a entrada do vírus no país. Até o momento, não há nenhum tripulante de aeronaves ou navios que se enquadre como caso suspeito, e qualquer triagem só ocorrerá em caso de notificação de um caso suspeito, seja de tripulante ou passageiro, acrescentou.

"A notificação não é uma opção do comandante da aeronave ou do navio: é compulsória, ele tem que fazer. Nos casos em que essa comunicação for feita, a equipe terá acesso ao veículo, seja avião ou navio, ela vai efetuar a triagem inicial e identificar se há subsídios que justifiquem as demais medidas. E, neste momento não existe triagem compulsória", completou.

O presidente da Anvisa comentou ainda a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de elevar de "moderado" a "elevado" o risco internacional do coronavírus no mundo. Segundo Torres, a decisão vai gerar adaptações internas nas ações da agência. "É um processo que, a cada dia ,vai sofrer atualizações. Uma elevação de grau demanda ações internas, mas normalmente não há uma ação que seja diferente das anteriores", disse. "No que tange às ações da Anvisa, temos condições de lidar com essa situação. Não é dizer que estejamos tranquilos, e sim que estamos atentos, atuantes, para fazer o que é necessário para manter a saúde do cidadão."

Torres informou ainda que a Anvisa criou um grupo de trabalho exclusivo para o coronavírus.

Sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento, é considerado caso suspeito do novo coronavírus a pessoa que apresenta sintomas da doença, como febre, tosse e dificuldade para respirar. Além disso, o paciente precisa ter viajado para área com transmissão ativa do vírus nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas.

Desde o fim de semana os aeroportos brasileiros divulgam alerta da Anvisa sobre o coronavírus. A mensagem reforça procedimentos de higiene e diz que os passageiros que apresentarem sintomas relacionados ao vírus devem procurar um agente de saúde.

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