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Ministros do PMDB querem ficar e complicam governo

O Palácio do Planalto não conseguiu fechar o xadrez da nova composição do governo, com os ministros do PMDB ainda lutando para tentar manter suas pastas

Kátia Abreu: os seis ministros do PMDB, incluindo Kátia Abreu (Agricultura), teriam passado o dia em conversas com Lula (Agência Senado)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2016 às 21h51.

Brasília - O Palácio do Planalto não conseguiu fechar o xadrez da nova composição do governo, com os ministros do PMDB ainda lutando para tentar manter suas pastas, apesar do desembarque do partido, e a presidente Dilma Rousseff inclinada a usar os cargos para fidelizar partidos como o PP e o PRB e garantir uma base mais sólida na Câmara dos Deputados, informaram à Reuters duas fontes palacianas nesta quinta-feira.

A “repactuação” do governo deveria ser anunciada na sexta-feira, como prometeu o ministro da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, há dois dias, quando o PMDB rompeu a aliança. As negociações estão sendo tocadas principalmente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajudado por Wagner e pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.

De acordo com uma das fontes, os seis ministros do PMDB - Kátia Abreu (Agricultura), Hélder Barbalho (Portos), Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Mauro Lopes (Aviação Civil) – teriam passado o dia em conversas com Lula tentando convencer o ex-presidente de que, juntos, teriam condições de reverter a debandada do PMDB da Câmara e garantir votos contra o impeachment. Lula, no entanto, não está convencido de que manter os peemedebistas seja um bom negócio para o governo.

O ex-presidente acredita que pelo menos parte dos cargos seja necessária para ampliar o espaço de PP, PRB, PSD e outros partidos menores e garantir mais votos contra o impeachment.

“A ideia seria cada um ficar com dois ministérios. Porque cada partido tem lados diferentes. Com dois você contenta um lado e outro”, disse a fonte. Com a saída do PMDB, o governo teria atualmente oito ministérios para negociar. Além dos seis, a pasta do Turismo, entregue por Henrique Eduardo Alves na segunda-feira, e a do Esporte, retomada de George Hilton, que saiu do PRB e foi para o PROS. Teria ainda centenas de cargos de segundo e terceiro escalões.

Em uma primeira negociação, informou a fonte, o PP teria concordado em se manter no governo em troca do Ministério da Saúde e de continuar com a Integração Nacional, trocando o atual ministro Gilberto Occhi, licenciado para tratamento médico, pelo deputado Cacá Leão (PP-BA). Na Saúde, entraria Ricardo Barros (PP-PR). Occhi, ao voltar da licença, poderia ir para a presidência da Caixa Econômica Federal.

No entanto, de acordo com a outra fonte palaciana, dentro do Planalto há quem defenda a permanência de Marcelo Castro na Saúde e de Celso Pansera na Ciência e Tecnologia – uma promessa que teria sido feita ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Em troca, o líder peemedebista teria prometido manter com o governo cerca de 30 votos.

Em outra negociação, o PR poderia ficar com Minas e Energia, além dos Transportes, que já possui. Ainda não está certo qual seria a outra pasta oferecida ao PSD, que já tem hoje Cidades, com Gilberto Kassab. O governo ainda não tem data para anunciar as mudanças. Até porque uma das alternativas discutidas é acertar agora, mas entregar os ministérios mais tarde, depois da votação do processo de impeachment na comissão especial, admitiu uma das fontes palacianas. Esse xadrez, no entanto, é contrário à intenção dos seis ministros peemedebistas de ficarem nos cargos.

O Planalto avalia a possibilidade de manter três – Hélder Barbalho seria um deles. Kátia Abreu, que já anunciou que fica e tem relação pessoal com a presidente, também poderia ficar, mas a avaliação interna no Planalto, diz a fonte, é que a ministra não traz nenhum dos tão necessários votos contra o impeachment, mesmo que troque de partido.

MÁGOA

A permanência dos peemedebistas esbarra ainda em um fator emocional, explica a primeira fonte palaciana.

Apesar de saber de antemão que o partido pretendia deixar a aliança, o Planalto – e o ex-presidente Lula – ficaram profundamente irritados com a decisão.

A tentativa agora é tentar fazer uma demonstração de força e reagrupar a base de tal maneira que consiga barrar a votação do impeachment sem o PMDB.

A conta de Lula é que, com todos os partidos que estão negociando, o governo soma uma bancada de até 240 deputados – mesmo que haja uma grande defecção na hora da votação, seriam quase 70 a mais do que os votos necessários para derrotar o impeachment.

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A “repactuação” do governo deveria ser anunciada na sexta-feira, como prometeu o ministro da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, há dois dias, quando o PMDB rompeu a aliança. As negociações estão sendo tocadas principalmente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajudado por Wagner e pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.

De acordo com uma das fontes, os seis ministros do PMDB - Kátia Abreu (Agricultura), Hélder Barbalho (Portos), Marcelo Castro (Saúde), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Mauro Lopes (Aviação Civil) – teriam passado o dia em conversas com Lula tentando convencer o ex-presidente de que, juntos, teriam condições de reverter a debandada do PMDB da Câmara e garantir votos contra o impeachment. Lula, no entanto, não está convencido de que manter os peemedebistas seja um bom negócio para o governo.

O ex-presidente acredita que pelo menos parte dos cargos seja necessária para ampliar o espaço de PP, PRB, PSD e outros partidos menores e garantir mais votos contra o impeachment.

“A ideia seria cada um ficar com dois ministérios. Porque cada partido tem lados diferentes. Com dois você contenta um lado e outro”, disse a fonte. Com a saída do PMDB, o governo teria atualmente oito ministérios para negociar. Além dos seis, a pasta do Turismo, entregue por Henrique Eduardo Alves na segunda-feira, e a do Esporte, retomada de George Hilton, que saiu do PRB e foi para o PROS. Teria ainda centenas de cargos de segundo e terceiro escalões.

Em uma primeira negociação, informou a fonte, o PP teria concordado em se manter no governo em troca do Ministério da Saúde e de continuar com a Integração Nacional, trocando o atual ministro Gilberto Occhi, licenciado para tratamento médico, pelo deputado Cacá Leão (PP-BA). Na Saúde, entraria Ricardo Barros (PP-PR). Occhi, ao voltar da licença, poderia ir para a presidência da Caixa Econômica Federal.

No entanto, de acordo com a outra fonte palaciana, dentro do Planalto há quem defenda a permanência de Marcelo Castro na Saúde e de Celso Pansera na Ciência e Tecnologia – uma promessa que teria sido feita ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Em troca, o líder peemedebista teria prometido manter com o governo cerca de 30 votos.

Em outra negociação, o PR poderia ficar com Minas e Energia, além dos Transportes, que já possui. Ainda não está certo qual seria a outra pasta oferecida ao PSD, que já tem hoje Cidades, com Gilberto Kassab. O governo ainda não tem data para anunciar as mudanças. Até porque uma das alternativas discutidas é acertar agora, mas entregar os ministérios mais tarde, depois da votação do processo de impeachment na comissão especial, admitiu uma das fontes palacianas. Esse xadrez, no entanto, é contrário à intenção dos seis ministros peemedebistas de ficarem nos cargos.

O Planalto avalia a possibilidade de manter três – Hélder Barbalho seria um deles. Kátia Abreu, que já anunciou que fica e tem relação pessoal com a presidente, também poderia ficar, mas a avaliação interna no Planalto, diz a fonte, é que a ministra não traz nenhum dos tão necessários votos contra o impeachment, mesmo que troque de partido.

MÁGOA

A permanência dos peemedebistas esbarra ainda em um fator emocional, explica a primeira fonte palaciana.

Apesar de saber de antemão que o partido pretendia deixar a aliança, o Planalto – e o ex-presidente Lula – ficaram profundamente irritados com a decisão.

A tentativa agora é tentar fazer uma demonstração de força e reagrupar a base de tal maneira que consiga barrar a votação do impeachment sem o PMDB.

A conta de Lula é que, com todos os partidos que estão negociando, o governo soma uma bancada de até 240 deputados – mesmo que haja uma grande defecção na hora da votação, seriam quase 70 a mais do que os votos necessários para derrotar o impeachment.

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