Mansueto diz que projetos emergenciais foram pensados para 4 meses
Para secretário, governo precisará ir ao Congresso e propor novas medidas se a pandemia durar mais
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de maio de 2020 às 17h30.
Última atualização em 22 de maio de 2020 às 19h06.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta sexta, 22, que os programas emergenciais aprovados pelo governo em resposta ao coronavírus levam em conta a paralisação da economia num prazo de até quatro meses, mas se a gravidade da crise persistir, o governo poderá discutir medidas adicionais com o Congresso .
"Vamos observar os dados com cuidado. Se a situação seguir muito grave, voltamos ao Congresso e negociamos com ele para fazer o que for necessário", afirmou Mansueto, em live promovida pelo Lide, após comentar que o Brasil, assim como os demais países, se preparou para uma paralisação (lockdown), total ou parcial, de três a quatro meses.
O secretário assinalou ainda que o crescimento dos gastos dos governos, em todas as suas esferas, vai levar o déficit fiscal do setor público para 700 bilhões de reais neste ano, ou 10% do PIB. Ele lembrou que no ano passado o rombo fiscal somou 61 bilhões de reais, o equivalente a 0,9% do PIB.
Segundo Mansueto, o Brasil deve sair da crise atual com a dívida bruta na casa dos 90% do PIB — saindo de um nível perto de 76%. Trata-se de um percentual não coerente com a dívida de países emergentes, na qual o endividamento gira ao redor de 50% do PIB.
O secretário salientou que a dívida não seria uma preocupação se o Brasil estivesse na mesma situação de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Alemanha, que conseguem financiar suas contas com juros reais negativos.
O Tesouro Nacional, apontou Mansueto, paga juros de 8% a 9% em emissões de volumes baixos com vencimento de dez anos — ou até mais em emissões com maiores volumes de títulos —, o que coloca o Brasil numa condição diferente se comparada à condição de países ricos em dar respostas à crise detonada pela pandemia.
Apesar disso, ele destacou que a redução dos juros, para 3% ao ano, permitiu um custo de dívida menor do que o de crises passadas. Como exemplo, ele lembrou que a taxa básica de juro (Selic) chegou a 14,25% na recessão de 2015-2016.