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Macri chama Maduro de 'ditador' e Bolsonaro defende Mercosul 'enxuto'

Foi a a primeira visita oficial de um Chefe de Estado ao Brasil desde a posse

O presidente Jair Bolsonaro recebe o presidente da Argentina, Mauricio Macri, para almoço no Palácio do Itamaraty. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 15h02.

Última atualização em 16 de janeiro de 2019 às 15h27.

Brasília e São Paulo - O presidente da República, Jair Bolsonaro , e o presidente da Argentina, Maurício Macri , se reuniram nesta quarta-feira, 16, no Palácio do Planalto. Na pauta do encontro estavam temas relacionados a comércio, relação bilateral, defesa e combate ao crime organizado.

Em discurso após a reunião, Macri condenou a ditadura do venezuelano Nicolás Maduro. "Estamos preocupados com a ditadura de Nicolás Maduro. Não aceitamos essa zombaria à democracia e essa tentativa de vitimização, quando na verdade eles são os algozes. A comunidade internacional já percebeu que Maduro se perpetua no poder com eleições fictícias. É uma situação desesperadora. A Assembleia Nacional é a única instituição legítima da Venezuela, eleita democraticamente pelo povo venezuelano", afirmou.

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Antes da fala de Macri, Bolsonaro disse que a preocupação de Brasil e Argentina com a situação da Venezuela é um exemplo de cooperação entre os dois países. "Só reforça que seguiremos avançando no rumo certo em defesa da democracia, da liberdade, da segurança e do desenvolvimento."

Bolsonaro afirmou ainda que os dois concordaram em "construir" um Mercosul "enxuto", para que continue a ter relevância no cenário internacional. "É preciso valorizar a tradição original do Mercosul, com abertura comercial, redução de barreiras e eliminação de burocracias", disse. "Concordamos também que, com Uruguai e Paraguai, precisamos aperfeiçoar o Mercosul."

Segundo o presidente, na frente externa, é preciso concluir negociações mais promissoras e iniciar novas negociações, "com criatividade e flexibilidade para recuperar o tempo perdido". Ele não citou nenhuma negociação em especial, embora o Mercosul esteja conversando com a União Europeia para um acordo de livre-comércio.

Macri reforçou a intenção de "modernizar" o Mercosul e citou o acordo com a União Europeia. "É fundamental agilizar e terminar negociações externas que temos em andamento. Com a União Europeia, avançou como nunca antes, exigiu muito esforço. Com a chegada de Bolsonaro, temos chance de renovar o compromisso político e dar vantagens aos dois blocos", disse.

Tratado de extradição

Ainda na manhã desta quarta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, falou sobre a revisão do tratado de extradição entre Brasil e Argentina, que deve ser assinada por Macri e Bolsonaro. Segundo Moro, a ideia é que o documento de extradição, em caso da prisão de uma pessoa no país vizinho, seja adiantado sem passar pelos canais diplomáticos para depois ser formalizado. Atualmente, o tratado vigente é da década de 1960.

"Reforçar os laços"

Pouco antes da reunião, Jair Bolsonaro afirmou em uma publicação no Twitter que o encontro seria uma oportunidade de "reforçar laços" e que o país vizinho é uma "nação irmã".

"Hoje, às 10:30, receberei o Presidente da Argentina, @mauriciomacri. É a primeira visita oficial de um Chefe de Estado ao Brasil desde a minha posse. Uma grande oportunidade de reforçar os laços de amizade com essa nação irmã!", escreveu Bolsonaro.

Ausente na cerimônia de posse de Bolsonaro, com a alegação de que estava em férias na Patagônia, Macri chegou ao Brasil com um time importante de ministros, que incluem Nicolás Dujovne (Economia), Dante Sica (Produção), Jorge Faurie (Relações Exteriores) e Oscar Aguad (Defesa).

Depois de uma reunião na manhã desta quarta-feira no Ministério da Economia com autoridades argentinas, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o encontro tratou de "um novo olhar" sobre o Mercosul. Guedes também esteve na reunião com os ministros argentinos Dujovne e Sica.

Os dois governos devem conversar ainda sobre a criação de um novo bloco para substituir a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O governo brasileiro acredita que o bloco está "praticamente encerrado" e vai propor o uso de fóruns já existentes no Mercosul para substituir a organização em áreas como infraestrutura e questões de fronteira.

Dinamismo

O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, reforçou que as relações com o Brasil continuarão na mesma linha de antes, mas que, com a posse de Jair Bolsonaro, os trabalhos ficam mais "dinâmicos".

O chanceler da Argentina reforçou que os dois países condenam a "ditadura" de Nicolas Maduro na Venezuela e que o objetivo dos membros do Mercosul é fazer com que o país "recupere a democracia" para dar liberdade e bem-estar aos cidadãos. "A condição da Venezuela é de suspensão, e está claro", declarou Faurie, em relação à situação do país venezuelano no Mercosul.

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