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Lula não apoia eleição indireta nem se Jobim for candidato

Durante o 6º Congresso do PT, o ex-presidente afirmou que o partido está em campanha por eleições diretas para substituir Temer

Lula: "Sou contra eleger qualquer candidato em eleição indireta" (Paulo Whitaker/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de junho de 2017 às 15h14.

Brasília - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira,2, que nem mesmo se o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim for candidato em uma eleição indireta ao Palácio do Planalto apoiará o nome dele.

Em reunião com 28 delegações estrangeiras que participam do 6º Congresso do PT como observadores, Lula afirmou que o partido está em campanha por eleições diretas para substituir o presidente Michel Temer.

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A portas fechadas, repetiu que não respaldará um processo no qual votem apenas deputados e senadores.

"Estão falando aí que, se o Jobim participar, eu não poderia ser contra, mas sou contra eleger qualquer candidato em eleição indireta, até mesmo ele", disse Lula.

"Prefiro perder dez eleições diretas a ganhar uma indireta."

Nos últimos dias, porém, o ex-presidente pediu a um interlocutor que sondasse Jobim - ministro em seu governo e também no de Dilma Rousseff -, com o objetivo de verificar se ele tinha interesse em se candidatar em eventual Colégio Eleitoral, caso Temer seja deposto.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que Lula recebeu resposta negativa.

Na reunião com os estrangeiros, Lula disse não entender o funcionamento dos mecanismos de colaboração entre a Justiça do Brasil e a dos Estados Unidos.

"Como pode um empresário como o Joesley Batista fazer um acordo e ir morar nos Estados Unidos?", protestou o ex-presidente.

Na véspera, em discurso na abertura do 6º Congresso do PT, ao lado de Dilma, Lula havia chamado o dono da JBS de "canalha".

Réu em cinco ações penais, três das quais no âmbito da Operação Lava Jato, o petista não foi questionado sobre as acusações de corrupção das quais é alvo, mas abordou espontaneamente o assunto ao dizer que "a única coisa" que pode oferecer aos partidos amigos é sua inocência.

Estavam presentes ali representantes de siglas da América Latina, Europa e África.

Lula confirmou que será candidato em 2018 e avisou que, se for impedido pela Justiça, pretende rodar o Brasil para criar uma frente de partidos de esquerda junto com o PT.

Indagado por um dos estrangeiros sobre qual seria o programa de governo para um eventual terceiro mandato, o ex-presidente defendeu sua administração.

"Nas eleições, não vamos falar apenas em passado, mas é o passado que nos dará base para falar sobre o futuro", afirmou ele.

CNBB

Na tentativa de obter apoio à campanha por Diretas Já, Lula conversou ontem (quinta-feira, dia 1º), em Brasília, com a cúpula da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

"Foi uma visita de cortesia, mas muito produtiva", disse o presidente eleito do PT de São Paulo, Luiz Marinho, que acompanhou Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho no encontro.

A CNBB apoiou a greve geral de abril, emitiu nota criticando as reformas da lei trabalhista e da Previdência, mas tem mostrado resistência à "partidarização" do movimento por eleições diretas.

Diretas

O 6º Congresso do PT vai aprovar resolução política na qual manifesta "posição inegociável pelas Diretas Já e contra o golpe dentro do golpe".

Apesar de ter a intenção de voltar ao Planalto, Lula pediu aos participantes do encontro que não lancem o nome dele agora, sob o argumento de que deseja ampliar a adesão à campanha por eleições diretas e não quer constranger outros aliados de esquerda.

"Não haverá lançamento oficial, mas a plenária deixará claro que nosso candidato será Lula. A própria Dilma disse isso ontem. Agora vamos para as ruas com a bandeira das Diretas Já, reforçando nossa relação com os movimentos sociais", declarou o secretário-geral do PT, Romênio Pereira.

Embora o tema esteja na ordem do dia no debate do PT, Lula já admitiu em outras ocasiões, sob reserva, que a possibilidade de ocorrerem eleições diretas agora é remota.

A bandeira serve, porém, para o PT calibrar o discurso de enfrentamento da crise e manter os militantes mobilizados contra Temer.

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