"Lula livre" ou "Justiça para Lula"? Defesa decide sobre semiaberto
Os advogados do ex-presidente têm até o final da semana para responder formalmente à Justiça se o petista aceitará ou não progredir ao regime semiaberto
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2019 às 06h22.
Última atualização em 14 de outubro de 2019 às 10h31.
Embora Lula já tenha afirmado que não aceitará “barganhar” sua liberdade para progredir ao regime semiaberto, a justiça federal de Curitiba deve entrar em estado de alerta sobre possíveis reviravoltas no caso do ex-presidente a partir desta segunda-feira (14).
Os advogados do petista têm até a próxima sexta-feira (18) para responder formalmente à Justiça se Lula aceita ou não ir ao semiaberto. No entanto, dado à recusa inédita de um réu em progredir de regime, não se sabe qual será o entendimento da juíza Carolina Lebbos, responsável pela acusação penal.
Condenado pelo caso do triplex em Guarujá, Lula já atingiu 1/6 da pena de 8 anos e dez meses fixada pelo Superior Tribunal de Justiça e passou a ter direito ao regime de liberdade parcial.
Via de regra, o semiaberto deve ser cumprido em uma colônia agrícola ou em casas de albergados, onde o preso dorme e passa o dia em trabalhando. Quando não há vagas suficientes, é comum que a Justiça conceda o direito a regime domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica, o que Lula deve se recusar a usar.
Em entrevista ao programa Roda Viva, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que Lula não tem o direito de se recusar a cumprir o regime semiaberto. “Não tem esse direito, a rigor. A não ser que houvesse uma imposição ou uma condição ilegítima contra a qual ele poderia se insurgir”, disse.
Para tentar impedir que a justiça do Paraná decrete a progressão de regime contra a vontade de Lula, a defesa do ex-presidente estuda recorrer a uma decisão do STF que impediu a transferência do petista para um presídio em Tremembé, sob o argumento de que Lula aguarda a conclusão do julgamento de um habeas corpus na Corte.
A informação adiantada pelo jornal Folha de S. Paulo diz respeito ao habeas corpus de suspeição do então Juiz Sergio Moro por falta de imparcialidade, o que deve ser apreciado pelo STF nos próximos meses.
Depois de o petista rechaçar publicamente a progressão de regime carcerário, o partido mudou o mote da manifestação do tradicional “Lula Livre” para o novo “Justiça para Lula”.