Loures usou "métodos nefastos", diz Fachin
O procurador-geral da República Rodrigo Janot atribuiu a ele o papel de "homem de total confiança" do presidente
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de junho de 2017 às 11h43.
São Paulo - O ministro Edson Fachin , relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal , disse que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) e ex-assessor do presidente Michel Temer usou "métodos nefastos".
"O agente aqui envolvido teria encontrado lassidão em seus freios inibitórios e prosseguiria aprofundando métodos nefastos de autofinanciamento em troca de algo que não lhe pertence, que é o patrimônio público", assinalou o ministro.
Ao decretar a prisão preventiva de Loures - capturado na manhã deste sábado, 3, em Brasília -, Fachin apontou para "conduta gravíssima" do ex-deputado.
O ministro considerou que Loures em liberdade representa "um risco para a investigação".
Loures foi flagrado em abril correndo por uma rua de São Paulo carregando uma mala estufada de propinas da JBS - R$ 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil.
Ao requerer a prisão de Loures, o procurador-geral da República Rodrigo Janot atribuiu a ele o papel de "homem de total confiança" do presidente.
Segundo Janot, o ex-assessor é "um verdadeiro longa manus de Temer" - termo comumente usado na relação hierárquica de organização criminosa, o longa manus executa ordens do topo.
Loures foi gravado e filmado por agentes da Polícia Federal em procedimento de ação controlada autorizada por Fachin. Em áudio ele aparece negociando propinas da JBS, supostamente destinadas a Temer. O presidente nega taxativamente envolvimento em atos ilícitos.
Nesta sexta-feira, 2, Fachin acolheu novo pedido de prisão de Loures apresentado por Janot.
O argumento central do procurador ao reiterar a necessidade de custódia preventiva de Loures é que ele perdeu a imunidade parlamentar.
Com o retorno do deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR) à Câmara, após ser demitido do cargo de ministro da Justiça, Loures ficou vulnerável - perdeu a cadeira de parlamentar e o foro privilegiado.
Ao mandar prender o ex-assessor de Temer, o ministro do Supremo anotou: "Sob essa ótica, é gravíssima a conduta narrada na inicial, considerando-se os valores em pauta e o poder de influência das autoridades envolvidas", seguiu o ministro.
"Tratando-se o deputado federal Rodrigo Santos da Rocha Loures de político com influência no cenário nacional, até pouco tempo assessor do presidente Michel Temer, pessoa de sua mais estrita confiança, como declarado em áudio captado por Joesley (Batista, da JBS), revelam-se insuficientes para a neutralização de suas ações medidas diversas da prisão. Não se deixa, sem embargo, de lamentar que se chegue a esse ponto."
Para Fachin, "o teor dos indícios colhidos demonstra efetivas providências voltadas ao embaraço das investigações, de modo que não é difícil deduzir que a liberdade do representado põe em risco, igualmente, a apuração completa dos fatos".