Insatisfeitos podem trazer problemas para governo na Câmara
PR e PDT, insatisfeitos com seu espaço na Esplanada, podem trazer instabilidade para o Planalto
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 17h55.
Brasília - O aumento do poder do PMDB no Congresso ampliará a margem de barganha do partido no governo este ano, mas esta não será a única dificuldade do Planalto, que enfrentará obstáculos com lideranças de partidos em tese aliados, mas cuja insatisfação ou ambições políticas podem criar problemas em votações consideradas chave para a presidente Dilma Rousseff.
Nos últimos dias, o PMDB se instalou no comando da Câmara dos Deputados, com Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, com Renan Calheiros (AL), e elegeu um novo líder da bancada de deputados, Eduardo Cunha (RJ), cuja escolha, inicialmente, sofria resistências dentro do Executivo.
Mas o Planalto já teria "assimilado" a vitória de Cunha na disputa interna, segundo duas fontes governistas.
"Ele não causaria constrangimentos ao presidente da Casa (Alves), de quem é próximo", disse à Reuters um articulador do governo.
Uma fonte do Planalto lembrou que o próprio Alves, que até a semana passada ocupava a liderança do PMDB, não jogou com o governo em todos os momentos. A fonte reconhece, entretanto, que Cunha ainda é uma "incógnita".
"Mas isso faz parte do jogo democrático e partidário e a presidente entende isso", afirmou a fonte. "As outras opções não eram muito mais fáceis." Com 80 deputados hoje, o PMDB, do vice-presidente da República Michel Temer foi um dos aliados mais fiéis em votações cruciais --em alguns momentos mais pacificado do que o próprio PT de Dilma.
DESCONTENTAMENTOS ANTIGOS E RECENTES
Articuladores do governo avaliam, entretanto, que os maiores riscos de instabilidade na base devem vir do PR e do PDT, dois partidos insatisfeitos com o espaço que têm na Esplanada.
Fazem ainda ressalvas à movimentação do PSB, que tem 27 deputados e poderia tentar marcar território com vistas à eleição presidencial de 2014. Todos fazem parte da base aliada, que conta hoje com 17 partidos.
"O PR mandou um recado ao escolher o (deputado Anthony) Garotinho", disse um petista, referindo-se ao novo líder do partido.
Crítico contumaz do governo, Garotinho, como membro da Comissão de Constituição e Justiça, atrapalhou, na visão de integrantes governistas, votações de temas caros ao Planalto.
"Ninguém muda de uma semana para outra, mas relacionamento depende de duas partes", disse Garotinho à Reuters na segunda.
Apesar do discurso apaziguador de que não se balizará por interesses próprios --ele é pré-candidato ao governo do Rio, onde deverá enfrentar candidatos com apoio do Planalto--, Garotinho não deve facilitar a vida para o governo.
O PR está descontente com o governo Dilma desde 2011, quando o presidente do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), foi apeado do Ministério dos Transportes em meio a denúncias de irregularidades. Outro nome forte do partido, Valdemar Costa Neto (SP), se queixa da falta de apoio do governo. Ele foi condenado pelo Supremo Tribubal Federal no processo do mensalão.
Só a bancada do PR tem 34 deputados, mas o partido agora está num bloco com seis partidos pequenos, elevando o poder de fogo de Garotinho a 42 votos.
Outra dificuldade do Planalto é o PDT, rachado, com 26 deputados. Brizola Neto, que ocupa o Ministério do Trabalho, não é considerado cota de parte do partido e está em confronto aberto com o presidente da sigla, Carlos Lupi --que deixou o cargo depois de denúncias de irregularidades, em 2011.
Na liderança do partido na Câmara permanece o deputado André Figueiredo (CE), ligado a Lupi e que já vem mantendo uma relação de atritos com os interlocutores do governo no Congresso.
Um pedetista reconhece que há dificuldades com o Planalto e diz que o governo chegou a tentar emplacar um candidato ligado a Brizola Neto na liderança do partido.
"Hoje, pouco separa o PDT da oposição", diz o deputado, que falou sob a condição de anonimato.
Os líderes dos partidos participam das reuniões semanais que definem a pauta da Casa e, muitas vezes, podem atrapalhar um consenso ou até levar o partido a obstruir votações.
"Vamos ter que negociar muito mais", reconhece o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Brasília - O aumento do poder do PMDB no Congresso ampliará a margem de barganha do partido no governo este ano, mas esta não será a única dificuldade do Planalto, que enfrentará obstáculos com lideranças de partidos em tese aliados, mas cuja insatisfação ou ambições políticas podem criar problemas em votações consideradas chave para a presidente Dilma Rousseff.
Nos últimos dias, o PMDB se instalou no comando da Câmara dos Deputados, com Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, com Renan Calheiros (AL), e elegeu um novo líder da bancada de deputados, Eduardo Cunha (RJ), cuja escolha, inicialmente, sofria resistências dentro do Executivo.
Mas o Planalto já teria "assimilado" a vitória de Cunha na disputa interna, segundo duas fontes governistas.
"Ele não causaria constrangimentos ao presidente da Casa (Alves), de quem é próximo", disse à Reuters um articulador do governo.
Uma fonte do Planalto lembrou que o próprio Alves, que até a semana passada ocupava a liderança do PMDB, não jogou com o governo em todos os momentos. A fonte reconhece, entretanto, que Cunha ainda é uma "incógnita".
"Mas isso faz parte do jogo democrático e partidário e a presidente entende isso", afirmou a fonte. "As outras opções não eram muito mais fáceis." Com 80 deputados hoje, o PMDB, do vice-presidente da República Michel Temer foi um dos aliados mais fiéis em votações cruciais --em alguns momentos mais pacificado do que o próprio PT de Dilma.
DESCONTENTAMENTOS ANTIGOS E RECENTES
Articuladores do governo avaliam, entretanto, que os maiores riscos de instabilidade na base devem vir do PR e do PDT, dois partidos insatisfeitos com o espaço que têm na Esplanada.
Fazem ainda ressalvas à movimentação do PSB, que tem 27 deputados e poderia tentar marcar território com vistas à eleição presidencial de 2014. Todos fazem parte da base aliada, que conta hoje com 17 partidos.
"O PR mandou um recado ao escolher o (deputado Anthony) Garotinho", disse um petista, referindo-se ao novo líder do partido.
Crítico contumaz do governo, Garotinho, como membro da Comissão de Constituição e Justiça, atrapalhou, na visão de integrantes governistas, votações de temas caros ao Planalto.
"Ninguém muda de uma semana para outra, mas relacionamento depende de duas partes", disse Garotinho à Reuters na segunda.
Apesar do discurso apaziguador de que não se balizará por interesses próprios --ele é pré-candidato ao governo do Rio, onde deverá enfrentar candidatos com apoio do Planalto--, Garotinho não deve facilitar a vida para o governo.
O PR está descontente com o governo Dilma desde 2011, quando o presidente do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), foi apeado do Ministério dos Transportes em meio a denúncias de irregularidades. Outro nome forte do partido, Valdemar Costa Neto (SP), se queixa da falta de apoio do governo. Ele foi condenado pelo Supremo Tribubal Federal no processo do mensalão.
Só a bancada do PR tem 34 deputados, mas o partido agora está num bloco com seis partidos pequenos, elevando o poder de fogo de Garotinho a 42 votos.
Outra dificuldade do Planalto é o PDT, rachado, com 26 deputados. Brizola Neto, que ocupa o Ministério do Trabalho, não é considerado cota de parte do partido e está em confronto aberto com o presidente da sigla, Carlos Lupi --que deixou o cargo depois de denúncias de irregularidades, em 2011.
Na liderança do partido na Câmara permanece o deputado André Figueiredo (CE), ligado a Lupi e que já vem mantendo uma relação de atritos com os interlocutores do governo no Congresso.
Um pedetista reconhece que há dificuldades com o Planalto e diz que o governo chegou a tentar emplacar um candidato ligado a Brizola Neto na liderança do partido.
"Hoje, pouco separa o PDT da oposição", diz o deputado, que falou sob a condição de anonimato.
Os líderes dos partidos participam das reuniões semanais que definem a pauta da Casa e, muitas vezes, podem atrapalhar um consenso ou até levar o partido a obstruir votações.
"Vamos ter que negociar muito mais", reconhece o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).