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Lava Jato prende perito judicial que superfaturava laudos para Fetranspor

De acordo com os investigadores, o perito judicial Charles Fonseca William recebeu ao menos R$ 4,9 milhões da Fetranspor

PF: mandados de busca e apreensão também foram realizados na empresa do perito (Sergio Moraes/Reuters)
AO

Agência O Globo

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às 18h51.

Última atualização em 5 de dezembro de 2019 às 19h28.

RIO - Agentes da Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) prenderam nesta quinta-feira, no bairro de Icaraí, em Niterói, o perito judicial Charles Fonseca William em uma nova fase da Lava-Jato . Ele é acusado de,  em troca de propina, fraudar laudos para favorecer empresas de ônibus, superfaturando valores apurados em seus trabalhos no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), entre outras manobras contábeis.

De acordo com os investigadores, ele recebeu ao menos R$ 4,9 milhões da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio ( Fetranspor ) entre 31 de maio de 2012 e 21 de maio de 2015.

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A função do perito no Tribunal de Justiça é apresentar relatórios técnicos para que sejam usados como prova em processos judiciais. Contratado por empresas de ônibus para apresentar laudos em cobranças de indenizações, Charles superfaturava os valores a serem pagos e recebia propina por isso. Ele vai responder pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e terá os seus bens bloqueados.

Em um dos casos de indenizações superfaturadas, os investigadores citam um decreto do ex-governador Anthony Garotinho de 1999 que reduzia as tarifas de ônibus em 15%. Após a Justiça considerar o decreto inconstitucional, uma avalanche de processos de indenização movida pelas empresas cobrava a diferença de preço pelo tempo que vigorou a medida. Os empresários, então, vislumbraram uma oportunidade de superfaturar os pedidos contratando Charles para apresentar laudos muito acima do que deveria ser cobrado.

A operação desta quinta-feira, que também cumpre mandados de busca e apreensão na empresa do perito, e em outros endereços ligados ao esquema, é baseada nas colaborações premiadas de Lélis Teixeira, ex-executivo da Fetranspor, de Marcelo Traça, ex-presidente o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), e de Álvaro José Novis, operador financeiro da Fetranspor no esquema de propina comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral.

A prisão preventiva de Charles Fonseca William, foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato no Rio, somente em uma das ações, citada no inquérito, Charles William teria calculado uma indenização irregular de R$ 57,9 milhões, posteriormente cobrada pela Auto Comercial Tupi ao governo do Estado por conta de um congelamento ilegal das tarifas de ônibus. Agentes da Polícia Federal e procuradores da República estão, agora, na casa de William, em Niterói, com o objetivo de prendê-lo.

Em nota, a Fetranspor afirmou que a atual administração desconhece a ocorrência de supostos fatos relacionados à gestão anterior e está "comprometida em colaborar com as investigações em andamento e cumprir as determinações judiciais".

 

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