Justiça nega liberdade a procurador da Fazenda que esfaqueou juíza federal
Testemunhas do ataque dizem que o procurador da Fazenda dizia frases desconexas, como "'vou fazer o que o Janot não fez"
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de outubro de 2019 às 18h32.
São Paulo — A Justiça Federal em São Paulo decidiu manter preso o procurador da Fazenda Nacional Matheus Carneiro Assunção que, no final da tarde da quinta-feira, 3, esfaqueou no pescoço a juíza Louise Filgueiras, no 21.º andar do prédio-sede do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), na Avenida Paulista. Em meio a um acesso de fúria, o procurador ainda atirou uma jarra de vidro sobre a magistrada que sofreu ferimentos leves.
Ele acabou contido por servidores da Corte e, durante a madrugada, foi autuado em flagrante pela Polícia Federal por tentativa de homicídio qualificado.
Na tarde desta sexta, 4, Assunção passou por audiência de custódia na 1.ª Vara Criminal Federal. A sessão foi breve.
A Justiça decidiu manter o procurador preso. Ele será transferido para a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba interior de São Paulo, onde ficam prisioneiros 'famosos' - autores de crimes de grande impacto.
Testemunhas do ataque dizem que o procurador da Fazenda dizia frases desconexas, como "'vou fazer o que o Janot não fez" - provável referência ao ex-procurador-geral da República que declarou, na semana passada, que planejou o assassinato do ministro Gilmar Mendes, do Supremo, em 2017.
Antes de invadir o gabinete de Louise, ele participou de um evento no próprio TRF-3 sobre corrupção.
Depois, Assunção foi ao 22.º andar, onde trabalha o desembargador Fábio Prieto de Souza. O magistrado estava em sessão. Matheus Assunção desceu pelas escadas e saiu na sala da magistrada, a quem golpeou com uma faca de cozinha.
A investigação mostra que o procurador entrou com a arma no prédio-sede do TRF-3 porque autoridades não são submetidas ao detector de metais.
Até o fechamento deste texto, a reportagem não havia obtido um posicionamento da defesa dos citados.