Justiça Federal mantém Geddel Vieira Lima preso
O ex-ministro foi preso na última segunda-feira (3) sob a acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de julho de 2017 às 12h22.
Brasília - Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira, 6, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Criminal de Brasília, negou pedido da defesa de Geddel Vieira Lima e manteve o ex-ministro preso preventivamente.
Geddel foi preso na segunda-feira, 3, sob acusação de tentar obstruir a Operação Lava Jato e, na terça-feira, 4, foi transferido da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para a Penitenciária da Papuda, também na capital federal.
"Não tenho elemento para dizer neste momento que não há indício de crime. Desse modo, eu mantenho aqui o que coloquei na decisão de que há indícios de autoria e materialidade quanto a Geddel" afirmou o juiz Vallisney.
Para o juiz, há dois pressupostos para a manutenção da prisão, a ordem pública, por conta da reiterada conduta de Geddel, e as supostas ligações do ex-ministros para a esposa do corretor Lúcio Funaro.
Para o Ministério Público Federal, Geddel tentou obstruir a Justiça ao tentar pressionar Funaro a não fazer delação premiada.
"Esses telefonemas reconhecidos pelo Geddel são existentes de modo que, com eles, o quadro parece grave", afirmou Vallisney.
Ao negar a liberdade à Geddel, o juiz autorizou que a esposa de Funaro, Raquel Pitta, seja ouvida pela Polícia Federal para falar se houve pressão do ex-ministro.
Além disso, o juiz solicitou perícia no aparelho celular de Raquel pelo qual falou com o ex-ministro.
A defesa chegou a pedir a substituição da prisão preventiva por outras medidas cautelares como a prisão domiciliar e uso de tornozeleira.
Mas Vallisney afirmou que primeiro precisa ouvir a esposa de Funaro e analisar os documentos juntados pela defesa de Geddel.
Defesa
Antes de Geddel falar, seu advogado Gamil Foppel pediu a palavra para prestar esclarecimento e afirmou que Geddel irá entregar a senha do celular apreendido pela PF.
Foppel explicou que Geddel só ficou calado em depoimento na operação Patmos porque não teve acesso ao conteúdo da investigação.
Além disso, o defensor salientou que, para mostrar cooperação com a Justiça, Geddel juntou documentos aos processos e abriu mão do seu sigilo fiscal, telemático e bancário.
Após a fala do defensor, logo no início, Geddel afirmou ao juiz Vallisney que não passou por nenhum tipo de maltrato ou tratamento diferenciado na Papuda ou na Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal.
"Coopero com a Justiça, tudo que fiz ou deixei de fazer foi por orientação dos advogados", afirmou Geddel.
De acordo com o ex-ministro, a acusação feita pelo Ministério Público de que ele obstruiu o andamento das investigação não é verdadeira.
"Tenho crença que não tomei atitude que possa ser interpretada como embaraço a Justiça", afirmou. "Ofereci todos dados, sigilo fiscal e bancário, mostrando meu desejo de colaborar", completou.
Questionado por seu advogado como se comportaria se a prisão fosse substituída por outra medida cautelar, Geddel respondeu que "já estava praticamente em prisão domiciliar" e não saía mais de casa." "Evidentemente, se houver essa decisão vou cumprir ipsis litteris", disse Geddel.
Sobre a suposta tentativa de pressionar Lúcio Funaro por meio de ligações para sua esposa, Geddel negou. "Em nenhum instante, impossível alguém demonstrar. Em nenhuma circunstância", disse o ex-ministro.
Segundo Geddel, ele retornou a uma ligação da esposa de Funaro que "ficou marcada em seu celular" e que na conversa não houve nenhum tipo de pressão.
Indagado novamente pelo procurador Anselmo Cordeio Lopes, Geddel afirmou que ligou "mais de dez vezes" para a esposa de Funaro.
"Nunca indaguei se ela estava recebendo dinheiro".