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Justiça aceita denúncia contra Nestor Cerveró e lobista do PMDB

O ex-diretor responderá a ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Nestor Cerveró: o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que seu cliente refuta veementemente as acusações (Wilson Dias/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 11h43.

São Paulo - A Justiça Federal aceitou nesta quarta-feira, 17, denúncia contra o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e mais três pessoas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

O ex-diretor responderá a ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Também são alvos da ação o lobista do PMDB Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O doleiro Alberto Youssef responderá por lavagem de dinheiro. Camargo e Youssef fizeram acordo de delação premiada e têm colaborado com as investigações. Os dois são réus nas outras ações ajuizadas.

A ação é a sexta e última a ser aberta pela Justiça Federal, a partir de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) apresentadas desde a semana passada, o que eleva o número de réus da Operação Lava Jato para 38. A maioria é de executivos de empreiteiras.

Conforme denúncia do MPF, o ex-diretor Cerveró e Falcão receberam propina de US$ 15 milhões para viabilizar contratos de um navio sonda para a Petrobras.

Os pagamentos teriam sido feitos por Camargo, representante da empresa contratada, a Fernando Falcão, que atuaria diretamente na Diretoria Internacional, na época dos fatos comandada por Cerveró.

"No presente caso, reuniu o MPF um número significativo de documentos que amparam as afirmações constantes nas denúncias, especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro", escreveu o juiz Sérgio Moro em seu despacho.

"Relativamente às transferências realizadas com as contas no exterior, consta da denúncia que o criminoso colaborador procedeu à entrega ao MPF dos extratos respectivos que demonstram as transações que teriam sido efetuadas para contas beneficiárias indicadas por Fernando Soares", acrescentou Moro.

O juiz destacou que há possíveis pagamentos de vantagens indevidas a autoridades com foro privilegiado, não incluídos na denúncia.

"Não obstante, quanto a estes fatos, tanto o crime de corrupção ativa, quanto o crime de corrupção passiva, são da competência do Supremo Tribunal Federal", explicou, dizendo que todos os elementos probatórios colhidos, especialmente em delações premiadas, foram enviados à corte.

"A denúncia ora oferecida não toca, nem minimamente, nesses fatos de competência do Supremo Tribunal Federal."

O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que seu cliente refuta veementemente as acusações contidas na denúncia. Segundo ele, os elementos colhidos pelo MPF não são suficientes para provar que o ex-diretor recebeu pagamentos indevidos. "Não passa de ilação do Ministério Público", afirmou.

Ribeiro disse que vai questionar nos tribunais superiores a competência da Justiça Federal do Paraná para julgar o caso, uma vez que os crimes alegados teriam ocorrido no Rio de Janeiro, onde fica a sede da Petrobras.

O advogado de Fernando Falcão Soares, Mário de Oliveira Filho, não atendeu às ligações da reportagem que também não localizou os defensores de Youssef e de Camargo.

São Paulo – A empreiteira OAS deu preferência para o PT em suas doações para a campanha eleitoral de 2014. Já a Queiroz Galvão investiu mais no PMDB. A Galvão Engenharia, por sua vez, deu mais dinheiro para PSB e PP.   Os dados são de levantamento feito por EXAME.com, a partir da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas eleições de 2014 , os partidos políticos receberam nada menos que R$ 264 milhões em doações das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato , que apura esquema de corrupção envolvendo a Petrobras . A Operação Lava Jato investiga nove empreiteiras: Engevix, OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Galvão Engenharia, Mendes Júnior e Iesa. Destas, sete fizeram doações para a campanha de 2014. Mendes Júnior e Iesa não doaram. Para ver quanto cada empreiteira doou para cada partido, clique na seta à direita na foto acima.
  • 2. OAS - R$ 80.126.630,00

    2 /8(REUTERS/Aly Song)

  • Veja também

    PartidoValor doado pela OAS
    PTR$ 33.226.000,00
    PMDBR$ 15.360.000,00
    PSDBR$ 12.000.000,00
    PSBR$ 4.750.000,00
    PPR$ 3.650.000,00
    DEMR$ 3.050.000,00
    PRR$ 3.050.000,00
    PSDR$ 2.150.000,00
    PTBR$ 700.630,00
    PC do BR$ 600.000,00
    PVR$ 600.000,00
    PTNR$ 590.000,00
    PDTR$ 400.000,00
    TotalR$ 80.126.630,00
  • 3. Queiroz Galvão - R$ 55.843.921,00

    3 /8(Divulgação)

  • PartidoValor doado pela Queiroz Galvão
    PMDBR$ 15.830.000,00
    PTR$ 15.100.000,00
    PSBR$ 3.995.000,00
    PSDBR$ 3.730.000,00
    PSDR$ 3.539.081,00
    PDTR$ 3.050.000,00
    PPR$ 2.900.000,00
    DEMR$ 2.750.000,00
    PRR$ 2.000.000,00
    PTBR$ 1.260.000,00
    PSCR$ 600.000,00
    PROSR$ 400.000,00
    SDR$ 400.000,00
    PPSR$ 200.000,00
    PRBR$ 80.000,00
    PRPR$ 6.000,00
    PSLR$ 3.840,00
    TotalR$ 55.843.921,00
  • 4. UTC - R$ 52.831.521,08

    4 /8(foto/Divulgação)

    PartidoValor doado pela UTC
    PTR$ 21.625.000,00
    PSDBR$ 9.080.000,00
    DEMR$ 4.765.000,00
    PMDBR$ 3.900.000,00
    PC do BR$ 3.040.015,08
    PRR$ 2.550.000,00
    PDTR$ 1.600.000,00
    PRTBR$ 1.453.000,00
    SDR$ 1.400.000,00
    PPR$ 875.000,00
    PSBR$ 750.000,00
    PSDR$ 700.000,00
    PMNR$ 602.050,00
    PPSR$ 150.000,00
    PRBR$ 125.000,00
    PSCR$ 100.455,00
    PENR$ 50.000,00
    PVR$ 50.000,00
    PTBR$ 15.000,00
    PT do BR$ 1.001,00
    TotalR$ 52.831.521,08
  • 5. Odebrecht - R$ 48.278.100,00

    5 /8(jbdodane/Flickr/Creative Commons)

    PartidoValor doado pela Odebrecht
    PMDBR$ 15.290.000,00
    PTR$ 9.495.000,00
    PSDBR$ 9.090.000,00
    DEMR$ 4.440.000,00
    PSBR$ 3.210.000,00
    SDR$ 1.330.000,00
    PTBR$ 703.100,00
    PPR$ 690.000,00
    PSDR$ 630.000,00
    PRBR$ 600.000,00
    PSCR$ 530.000,00
    PPSR$ 400.000,00
    PRR$ 370.000,00
    PROSR$ 300.000,00
    PVR$ 290.000,00
    PC do BR$ 230.000,00
    PT do BR$ 220.000,00
    PDTR$ 200.000,00
    PTNR$ 100.000,00
    PHSR$ 60.000,00
    PTCR$ 50.000,00
    PRPR$ 30.000,00
    PSLR$ 20.000,00
    TotalR$ 48.278.100,00
  • 6. Galvão Engenharia - R$ 15.882.300,00

    6 /8(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    PartidoValor doado pela Galvão Engenharia
    PSBR$ 4.450.000,00
    PPR$ 4.080.000,00
    PTR$ 2.800.000,00
    PMDBR$ 1.140.000,00
    PENR$ 1.050.300,00
    PROSR$ 640.000,00
    PT do BR$ 402.000,00
    PTBR$ 250.000,00
    PSDR$ 200.000,00
    PC do BR$ 170.000,00
    PSLR$ 150.000,00
    PRR$ 50.000,00
    PSDBR$ 500.000,00
    TotalR$ 15.882.300,00
  • 7. Engevix - R$ 7.925.000,00

    7 /8(Divulgação/ Engevix)

    PartidoValor doado pela Engevix
    PTR$ 5.825.000,00
    PSDBR$ 260.000,00
    PSBR$ 240.000,00
    PDTR$ 225.000,00
    PSLR$ 200.000,00
    PTCR$ 200.000,00
    PVR$ 200.000,00
    PPR$ 160.000,00
    PTBR$ 150.000,00
    PROSR$ 50.000,00
    PSDR$ 50.000,00
    PMDBR$ 40.000,00
    PPLR$ 25.000,00
    PRR$ 300.000,00
    TotalR$ 7.925.000,00
  • 8. Camargo Corrêa - R$ 3.500.000,00

    8 /8(Germano Lüders/EXAME)

    PartidoValor doado pela Camargo Corrêa
    PTR$ 2.000.000,00
    DEMR$ 1.500.000,00
    TotalR$ 3.500.000,00
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