Itamaraty diz que não há condições de evacuar brasileiros na Ucrânia
A embaixada do Brasil está cadastrando brasileiros no país para planejar uma futura evacuação, mas a recomendação por ora é que os cidadãos fiquem em casa ou se desloquem rumo ao oeste do país
Da redação, com agências
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 18h38.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 18h44.
O Itamaraty informou que não há condições de segurança para evacuar os brasileiros na Ucrânia até o momento, após ataques à capital Kiev e outras cidades ucranianas realizados por tropas russas nesta quinta-feira, 24.
A embaixada na Ucrânia está cadastrando os brasileiros, mas a recomendação por ora é que os cidadãos fiquem em casa e longe de estruturas em risco, ou, caso estejam nas áreas mais próximas à fronteira russa, tentem se deslocar rumo a oeste.
A estimativa é de que haja cerca de 500 brasileiros na Ucrânia, dos quais mais de 160 se recadastraram junto à embaixada, informa o Itamaraty.
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Um eventual plano de evacuação dos brasileiros dependerá das condições de segurança da Ucrânia e da possibilidade de os brasileiros se concentrarem em um ponto de resgate, afirmou Leonardo Gorgulho, secretário de comunicação e cultura do Ministério das Relações Exteriores, em coletiva de imprensa.
"O local e o momento em que os brasileiros serão chamados a se concentrar, para fins de evacuação, serão amplamente difundidos pela embaixada, por meio de seus canais de comunicação com a comunidade brasileira. É, portanto, muito importante que todos se cadastrem", informou Gorgulho.
Não há data prevista para evacuação até o momento diante das condições de segurança.
Para os brasileiros vivendo no leste do país, região mais afetada pelos conflitos, a embaixada recomendou que, se possível e por "meios próprios", se dirijam à capital Kiev ou a oeste do país.
"Os que não puderem seguir viagem para oeste por meios próprios ou de modo seguro devem deslocar-se para Kiev e contatar a embaixada assim que possível pelo plantão consular +380 50 384 5484", disse a embaixada por meio de seu canal no Telegram.
"Aos brasileiros que não puderem deixar o país de modo seguro, a embaixada orienta a procurar um local seguro para o momento, longe de bases militares, instalações responsáveis pelo fornecimento de energia e internet e áreas responsáveis pela produção de energia elétrica", escreveu a embaixada mais cedo.
Para os brasileiros atualmente em Kiev, a orientação é não tentar deixar a cidade, diante dos congestionamentos na saída da região. O governo da cidade e de outras regiões na Ucrânia também implementaram um toque de recolher a partir de 22 horas (horário local).
"Aos brasileiros em Kiev, a recomendação das autoridades ucranianas, no momento, é não sair, tendo em conta grandes engarrafamentos nas saídas da cidade. Os brasileiros que buscarem deixar a cidade nesse momento devem contar com grandes dificuldades. Solicita-se aguardar novas instruções da embaixada", disse a embaixada.
O Itamaraty informou que embaixadas em países próximos (Moscou, na Rússia, Minsk, em Belarus, Bucareste, na Romênia e Bratslav, na Polônia) também estão em regime de plantão para atender a brasileiros que porventura se refugiem nesses países.
A evacuação a ser organizada pelo Brasil, quando ocorrer, também estará aberta a vizinhos da Argentina, do Chile, Uruguai e Paraguai, segundo o Itamaraty. Os nacionais desses países estão recebendo as mesmas orientações dos brasileiros.
Posição do Itamaraty sobre o conflito
O diretor de comunicação social do Itamaraty, ministro Adriano Pucci, afirmou nesta quinta-feira que a posição brasileira no conflito da Rússia com a Ucrânia é de "equilíbrio" e de buscar "viabilizar a paz".
"A posição do Brasil é de equilíbrio, de apego inafastável ao Direito Internacional, às resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU", disse. "O Brasil não pretende contribuir para rufar os tambores de guerra. A posição do Brasil é de viabilizar a paz a qualquer momento, de acordo com a nossa Constituição e de acordo com a Carta das Nações Unidas."
O Brasil tem sido pressionado pela comunidade internacional para adotar uma postura mais dura contra a Rússia e para condenar a ação militar do presidente Vladimir Putin.
O presidente Jair Bolsonaro se manifestou na tarde desta quinta-feira, pelo Twitter, mas sem citar o conflito. Ele disse que está "totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia".
Bolsonaro esteve em Moscou para visita a Putin neste mês, dias antes do início da ação militar em solo ucraniano.
(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)