Agência antidoping suspeitava do Brasil, diz investigador
Desde 2001, o país soma 30 casos positivos na natação e é superado apenas pelos 33 casos da China
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2015 às 11h07.
Genebra - A Agência Mundial Antidoping (Wada) suspeitou dos atletas brasileiros na preparação para os Jogos Olímpicos de 2016 . Quem faz o alerta é Richard Pound, que no domingo publicou seu informe sobre as suspeitas de doping organizado pelo governo russo.
À Agência Estado, ele não hesitou em apontar que existiu uma preocupação de que, para garantir resultados positivos em casa no maior evento já recebido pelo país, as equipes brasileiras usassem métodos ilegais.
"Sim, existia essa suspeita", confirmou ao final de sua coletiva de imprensa. Segundo ele, esse teria sido o motivo pelo qual o único laboratório credenciado no Brasil pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) foi suspenso, o Ladatec. "Não havia confiança alguma", indicou o canadense.
O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD/Ladetec) foi aprovado em maio deste ano, depois de ter a licença cancelada em 2013.
O local teve sua nova sede inaugurada em 2014 a um custo de R$ 188 milhões para o governo federal. Mas não tinha a capacidade de realizar as análises conforme os padrões internacionais.
Para ele, os casos que foram identificados com atletas brasileiros mostravam que a preocupação era uma realidade. Pound aponta que esse foco no Brasil não aconteceu por acaso. "Se as entidades suspeitarem de algo, elas podem focar em determinados atletas", contou.
Desde 2001, o país soma 30 casos positivos na natação e é superado apenas pelos 33 casos da China, segundo a Federação Internacional de Natação. Os russos vêm na terceira colocação, com 28 casos.
Na natação, o Brasil ainda tem metade dos casos que testaram positivo para diuréticos desde 2001, com oito incidências. Eles incluem Nicholas Santos e Henrique Barbosa em 2011, Evandro Vinicius Santos Silva em 2014, Pamela Alencar em 2012 e Daynara de Paula em 2010.
Entre 2008 e 2011, o ciclismo brasileiro ainda registrou 20 casos de doping. Em 2009, por exemplo, o Brasil somou no geral 33 casos de doping, entre eles Daiane dos Santos e outros 15 no atletismo.
Para Pound, a investigação russa é apenas "a ponta de um iceberg". "Esse é apenas o começo da história e há muito mais", disse. "A Rússia não é o único país e o atletismo não é o único esporte a ter essa realidade", disse. Segundo ele, outro exemplo é do Quênia. "Se eles não resolverem a situação, outros virão para fazer o serviço", ameaçou.
Pound acredita que a Wada tem sido "frouxa" demais com diversos países. "Temos o código antidoping por doze anos já. Quem não conseguiu ainda o implementar é por falta de vontade", acusou.
"Todos os países precisam olhar para suas práticas e suas regras. Caso contrário, estarão ameaçados", alertou.
Para ele, as revelações sobre os russos aprofunda o golpe na credibilidade dos esportes, já afetado com a corrupção na Fifa.
"Esses são dois dos maiores esportes do mundo. Não podemos negar que a opinião pública terá cada vez mais a impressão de que tudo é corrupção", disse.
"Se não pudermos mais acreditar nos resultados em campo, vivemos um sério golpe à credibilidade dos esportes", concluiu.
Genebra - A Agência Mundial Antidoping (Wada) suspeitou dos atletas brasileiros na preparação para os Jogos Olímpicos de 2016 . Quem faz o alerta é Richard Pound, que no domingo publicou seu informe sobre as suspeitas de doping organizado pelo governo russo.
À Agência Estado, ele não hesitou em apontar que existiu uma preocupação de que, para garantir resultados positivos em casa no maior evento já recebido pelo país, as equipes brasileiras usassem métodos ilegais.
"Sim, existia essa suspeita", confirmou ao final de sua coletiva de imprensa. Segundo ele, esse teria sido o motivo pelo qual o único laboratório credenciado no Brasil pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) foi suspenso, o Ladatec. "Não havia confiança alguma", indicou o canadense.
O Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD/Ladetec) foi aprovado em maio deste ano, depois de ter a licença cancelada em 2013.
O local teve sua nova sede inaugurada em 2014 a um custo de R$ 188 milhões para o governo federal. Mas não tinha a capacidade de realizar as análises conforme os padrões internacionais.
Para ele, os casos que foram identificados com atletas brasileiros mostravam que a preocupação era uma realidade. Pound aponta que esse foco no Brasil não aconteceu por acaso. "Se as entidades suspeitarem de algo, elas podem focar em determinados atletas", contou.
Desde 2001, o país soma 30 casos positivos na natação e é superado apenas pelos 33 casos da China, segundo a Federação Internacional de Natação. Os russos vêm na terceira colocação, com 28 casos.
Na natação, o Brasil ainda tem metade dos casos que testaram positivo para diuréticos desde 2001, com oito incidências. Eles incluem Nicholas Santos e Henrique Barbosa em 2011, Evandro Vinicius Santos Silva em 2014, Pamela Alencar em 2012 e Daynara de Paula em 2010.
Entre 2008 e 2011, o ciclismo brasileiro ainda registrou 20 casos de doping. Em 2009, por exemplo, o Brasil somou no geral 33 casos de doping, entre eles Daiane dos Santos e outros 15 no atletismo.
Para Pound, a investigação russa é apenas "a ponta de um iceberg". "Esse é apenas o começo da história e há muito mais", disse. "A Rússia não é o único país e o atletismo não é o único esporte a ter essa realidade", disse. Segundo ele, outro exemplo é do Quênia. "Se eles não resolverem a situação, outros virão para fazer o serviço", ameaçou.
Pound acredita que a Wada tem sido "frouxa" demais com diversos países. "Temos o código antidoping por doze anos já. Quem não conseguiu ainda o implementar é por falta de vontade", acusou.
"Todos os países precisam olhar para suas práticas e suas regras. Caso contrário, estarão ameaçados", alertou.
Para ele, as revelações sobre os russos aprofunda o golpe na credibilidade dos esportes, já afetado com a corrupção na Fifa.
"Esses são dois dos maiores esportes do mundo. Não podemos negar que a opinião pública terá cada vez mais a impressão de que tudo é corrupção", disse.
"Se não pudermos mais acreditar nos resultados em campo, vivemos um sério golpe à credibilidade dos esportes", concluiu.