Incêndios nunca tiveram amplitude que pessoas quiseram dar, diz ministro
General Augusto Heleno afirmou que as queimadas ocorrem todo ano, mas o Inpe divulgou dados de um aumento de 83% nos incêndios em 2019
Reuters
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 15h16.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 16h07.
Rio de Janeiro - O Exército está conseguindo combater o incêndio na Amazônia e neutralizar os focos registrados na região, disse nesta quinta-feira, 29, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno , que afirmou também que as chamas nunca tiveram a amplitude que algumas pessoas quiseram dar.
Ao se referir ao presidente da França, Emmanuel Macron , que se envolveu em uma troca pública de farpas com o presidente Jair Bolsonaro por causa das queimadas na floresta, Heleno disse que generalizar o problema do incêndio na Amazônia é uma "cretinice" e uma jogada política de quem propaga essa mensagem.
O general da reserva, que na terça disse durante reunião de Bolsonaro com governadores da Amazônia que a França deixou um rastro de miséria por onde passou e que o presidente francês fazia "molecagem", afirmou que os incêndios acontecem todos os anos no período seco na Amazônia e, neste ano, não ocorreu nada diferente de anos anteriores.
"(Estão) conseguindo neutralizar (os focos), que não são grandes e da amplitude que se vem dizendo... isso ocorre todo ano", disse ele a jornalistas após um evento no Rio de Janeiro.
Mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelos dados sobre as queimadas no país, divulgou que entre janeiro e agosto de 2019, as queimadas aumentaram 83% em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, foram 72.843 pontos de incêndio, o maior número registrado nos últimos 7 anos.
A pesquisa também alerta para dados do desmatamento, que apresentaram um avanço de 40% entre agosto e julho deste ano.O mês passado registrou o pior número de alertas de perda de floresta para um mês na série histórica, referentes a 2.254,9 km². No mesmo mês em 2018, o índice foi de 596,6 km², um aumento de 278%.
O Brasil foi alvo de intensa pressão internacional nos últimos dias depois da divulgação de uma grande quantidade de focos de incêndio na região amazônica. Líderes mundiais cobraram do Brasil uma postura mais firme no combate ao incêndio, e Macron foi um dos protagonistas da cobrança ao governo brasileiro. O líder francês chegou a dizerque as queimadas na Amazônia são uma “crise internacional” e “uma emergência”, além de propor status internacional para a floresta, para que outros países pudessem agir no combate ao fogo na região.
"A França sempre foi um país polêmico em relação à proteção de seus produtos e tem uma proteção enorme às suas indústrias e agricultura. Continua sendo assim", disse Heleno.
"A França, como colonizador, sempre deixou muito a desejar... e o próprio Macron está pagando por uma imigração inesperada pela qualidade e quantidade... essa posição do presidente Macron é muito coerente com o que ele está vivendo. A popularidade dele está em baixa há muito tempo", disparou.
Heleno afirmou, ainda, ao falar em discurso sobre as preocupações globais com a região amazônica, que generalizar o problema é uma "cretinice" com interesses políticos
"A generalização do problema, dizer que a Amazônia está pegando fogo, é uma cretinice... é uma jogada política e nós não podemos aceitar que o Brasil seja difamado internacionalmente por uma jogada política e por um interesse de um político", afirmou.
Heleno acrescentou que a Amazônia é alvo de cobiça internacional, uma vez que reúne riquezas e matérias-primas que serão essenciais para o futuro do planeta.
"É irresponsável nós acharmos que a Amazônia não é objeto de cobiça internacional. O mundo tem uma crise de alimentos, de matéria-prima, commodities, que nós podemos participar ativamente disso, e a Amazônia é vista como um depósito de futuras conquistas do ser humano", finalizou.