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Incêndio ameaça paraíso das onças-pintadas; fogo já queimou 260 mil hectares

Em todo o Pantanal, que ocupa também parte de Mato Grosso do Sul foram detectados 1.436 focos de incêndios este ano, 20% a mais que no mesmo período de 2022

Pantanal: mais de 12% do bioma ficou destruído em 2020 no maior incêndio registrado na região. (Gustavo Basso/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 22 de outubro de 2023 às 15h49.

Os incêndios já destruíram mais de 260 mil hectares, desde o início deste mês, no Pantanal de Mato Grosso, um dos biomas mais ameaçados do país. O fogo atingiu o Parque Estadual Encontro das Águas, que detém a maior concentração de onças-pintadas do mundo. O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso usa aviões para combater as chamas que se espalham por áreas inacessíveis por terra. Segundo a corporação, o santuário das onças está sendo monitorado e não houve registro de morte de felinos.

Em todo o Pantanal, que ocupa também parte de Mato Grosso do Sul foram detectados 1.436 focos de incêndios este ano, 20% a mais que no mesmo período de 2022, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A situação é mais grave no Pantanal norte, em Mato Grosso, onde ocorreram 742 focos apenas em outubro. Neste domingo, 22, o Estado tinha 145 focos ativos, dos quais 66 ocorriam no Pantanal.

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O fogo no parque das onças-pintadas, que fica entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, começou no dia 1º de outubro e já consumiu 11% da área total da reserva, de 108 mil hectares. Em 2020, quando o incêndio mais severo atingiu o parque, cerca de 80% da área foi queimada. Várias onças-pintadas foram resgatadas com ferimentos causados pelas chamas.

Neste domingo, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso mantinha 30 militares distribuídos em quatro pontos estratégicos ao longo das margens do Rio Macabu para combater o incêndio. O fogo estava contido em áreas alagadas, acessíveis apenas pelo ar com o emprego de aviões.

De acordo com o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais da corporação, tenente-coronel Marcos Alves, as chamas atingiam uma das extremidades do parque e o esforço era no sentido de evitar que alcançasse o santuário das onças. "Nossa ação tem como principal objetivo evitar que o fogo vá para o outro lado do rio. Se isso acontecer, as chamas podem avançar no sentido norte do parque (onde fica o santuário). Trabalhamos arduamente para que isso não aconteça", disse.

Nos últimos dias, o combate foi intensificado com lançamentos de água pelos aviões do Grupo de Aviação Bombeiro Militar. "Com o uso de aeronaves estamos conseguindo diminuir a intensidade das chamas e fazendo com que o fogo perca a força onde não é possível fazer um combate direto por terra", disse. O militar disse que muitos focos são originados do uso irregular do fogo no Pantanal. "Enviamos equipes de fiscalização para fazer a prevenção ativa e vamos responsabilizar criminalmente e multar quem for pego nessas ações", afirmou.

Onda de calor

A previsão de calor intenso e clima seco na região do Pantanal nas próximas semanas colocou em alerta os bombeiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de alto risco devido à onda de calor que deve atingir áreas do Centro-Oeste e do Norte do País. O aviso, válido até as 18 horas desta segunda-feira, 23 inclui ainda áreas do Pará, Rondônia, Tocantins e Goiás. A previsão é de que, em algumas cidades, como Cuiabá, capital do Mato Grosso, o calor chegue a 44ºC.

O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec) de Mato Grosso do Sul também previu uma onda de calor que atingirá o Estado nesta semana. Segundo a estimativa, os maiores índices serão registrados nas regiões pantaneiras, no sudoeste e norte do Estado. A ocorrência de chuvas abaixo da média nos primeiros 15 dias de outubro e a previsão de baixa umidade relativa do ar, entre 10% e 30%, agravam o risco de propagação de incêndios na região.

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