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Governo Dilma é cobrado por não receber indígenas

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) acusa o governo federal de tratar de maneira desigual as partes envolvidas nos conflitos de demarcação de terras

O distanciamento da presidente, segundo o Cimi, seria uma demonstração de que o governo federal "não entende e não está disposto a entender os povos indígenas brasileiros" (REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 09h41.

São Paulo - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) voltou a atacar, na terça-feira, 4, o governo federal, afirmando que trata de maneira desigual as partes envolvidas nos conflitos pela demarcação de terras indígenas no País.

Em nota oficial, a instituição lembrou que, desde sua posse, em janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff nunca recebeu uma delegação indígena para tratar de demarcações ou de outros assuntos do seu interesse. Por outro lado, segundo o Cimi, ela franqueia o seu gabinete a líderes ruralistas, que se defrontam com os índios no debate sobre a posse das terras.

"Somente no mês de maio, a presidenta reservou tempo em sua agenda para ao menos cinco encontros com representantes dos ruralistas, inimigos históricos dos povos indígenas", diz a nota.

O texto ainda lembra que a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esteve com Dilma duas vezes no período em que as tensões aumentavam na zona rural do Mato Grosso do Sul e também no canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no sul do Pará.

O distanciamento da presidente, segundo o Cimi, seria uma demonstração de que o governo federal "não entende e não está disposto a entender os povos indígenas brasileiros".

A nota foi emitida um dia após a ministra Gleisi Hoffmann ter se reunido com o bispo Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), instituição à qual o Cimi está subordinado. Indiretamente, o texto reforça um dos três pedidos que o representante do episcopado brasileiro havia feito à ministra no encontro do dia anterior.


Impressões

Em primeiro lugar, d. Leonardo pediu que o governo não interrompa as demarcações. A paralisação de processos no Paraná e no Rio Grande do Sul, apoiada pela própria Gleisi, seria equivocada, segundo a CNBB.

Em segundo lugar, o bispo pediu que a presidente receba uma delegação indígena. E, por fim, enfatizou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem de ser fortalecida, e não ter seu papel reduzido.

O pedido da audiência foi claro e enfático. Em nenhum momento, porém, a ministra deu a entender que apoia a ideia. A impressão que Gleisi deixou na CNBB, segundo assessores da organização, é que sua ida até lá foi apenas uma tentativa de conter a onda de críticas do Cimi e de outras ONGs ao governo. Não foi uma boa impressão, segundo essas fontes.

O secretário-geral da CNBB já atuou na Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso, é bastante sensível ao tema e acha que o melhor caminho é o diálogo. Daí sua insistência para que a presidente receba os índios e ouça deles diretamente o que têm a dizer.

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São Paulo - O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) voltou a atacar, na terça-feira, 4, o governo federal, afirmando que trata de maneira desigual as partes envolvidas nos conflitos pela demarcação de terras indígenas no País.

Em nota oficial, a instituição lembrou que, desde sua posse, em janeiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff nunca recebeu uma delegação indígena para tratar de demarcações ou de outros assuntos do seu interesse. Por outro lado, segundo o Cimi, ela franqueia o seu gabinete a líderes ruralistas, que se defrontam com os índios no debate sobre a posse das terras.

"Somente no mês de maio, a presidenta reservou tempo em sua agenda para ao menos cinco encontros com representantes dos ruralistas, inimigos históricos dos povos indígenas", diz a nota.

O texto ainda lembra que a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esteve com Dilma duas vezes no período em que as tensões aumentavam na zona rural do Mato Grosso do Sul e também no canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no sul do Pará.

O distanciamento da presidente, segundo o Cimi, seria uma demonstração de que o governo federal "não entende e não está disposto a entender os povos indígenas brasileiros".

A nota foi emitida um dia após a ministra Gleisi Hoffmann ter se reunido com o bispo Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), instituição à qual o Cimi está subordinado. Indiretamente, o texto reforça um dos três pedidos que o representante do episcopado brasileiro havia feito à ministra no encontro do dia anterior.


Impressões

Em primeiro lugar, d. Leonardo pediu que o governo não interrompa as demarcações. A paralisação de processos no Paraná e no Rio Grande do Sul, apoiada pela própria Gleisi, seria equivocada, segundo a CNBB.

Em segundo lugar, o bispo pediu que a presidente receba uma delegação indígena. E, por fim, enfatizou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem de ser fortalecida, e não ter seu papel reduzido.

O pedido da audiência foi claro e enfático. Em nenhum momento, porém, a ministra deu a entender que apoia a ideia. A impressão que Gleisi deixou na CNBB, segundo assessores da organização, é que sua ida até lá foi apenas uma tentativa de conter a onda de críticas do Cimi e de outras ONGs ao governo. Não foi uma boa impressão, segundo essas fontes.

O secretário-geral da CNBB já atuou na Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso, é bastante sensível ao tema e acha que o melhor caminho é o diálogo. Daí sua insistência para que a presidente receba os índios e ouça deles diretamente o que têm a dizer.

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