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Governo admite que negocia crédito em troca de votos pela reforma

Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo está pedindo apenas uma "ajuda" em troca dos votos pela reforma

Carlos Marun: "financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo" (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 18h01.

Brasília - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu nesta tarde de terça-feira, 26, que o Palácio do Planalto está pressionando os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da liberação de recursos do governo federal e financiamentos de bancos públicos, como a Caixa.

"Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da (reforma da) Previdência", disse o ministro.

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Marun negou que esteja promovendo "chantagem" com governadores e prefeitos e destacou que os financiamentos da Caixa "são ações de governo".

O peemedebista disse que o governo está pedindo apenas uma "ajuda" em troca dos votos pela reforma.

"Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil", justificou.

O ministro disse que os parlamentares ligados aos governadores também terão aspectos eleitorais positivos com os financiamentos aos governos locais.

"Olha, não entendo que seja uma chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência", afirmou. "Não é retaliação aos governadores, é pedido de apoio", completou.

Como revelou a Coluna do Estadão na semana passada, o novo ministro da articulação do governo Temer levantou todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e outras grandes cidades e condicionou a assinatura dos contratos à entrega de votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre os deputados.

O primeiro a ser pressionado foi o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). "Veja bem, é uma ação de governo, sendo uma ação de governo, obviamente o nível de apoio que o governador pode prestar a favor da reforma vai ser considerado nesta questão", insistiu.

Em reunião nesta tarde com o presidente Michel Temer, Marun disse que manifestou seu otimismo em relação à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Marun afirmou que a confiança da aprovação do texto vem de conversas com parlamentares nos últimos dias e disse ver cada dia menos pessoas dizendo que não votarão a PEC "de jeito nenhum".

Marun revelou que marcou para a tarde desta quarta-feira (27) uma nova reunião com Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para traçar a estratégia de atuação em janeiro em busca dos 308 votos a favor da reforma.

Segundo ele, o relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), também será convidado para o encontro.

O ministro evitou dar o número de votos que o governo contabiliza hoje. Ele disse que a contagem de votos só será retomada por volta do dia 15 de janeiro, a mais de um mês da data da votação marcada por Maia, 19 de fevereiro. Apesar disso, Marun se mostrou confiante.

"Cada vez é maior a consciência da sociedade brasileira em relação à necessidade da reforma. A tática de empurrar com a barriga tem cada vez menos apoio na sociedade, e os parlamentares, ao chegarem na suas bases, começam a constatar isso. Isso que tem sido o grande fator propulsor desta confiança, dessa mudança de pensamento de vários deputados, e fator propulsor dessa vitória que teremos em fevereiro", declarou.

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