Brasil

Folha entra com pedido no TSE para PF investigar ataques a jornalistas

Após denunciar que empresários estariam disparando mensagens contra o PT, repórter e diretor da empresa sofreram ameaças

Folha: segundo a ação, os jornalistas foram vítimas de memes ofensivos também (Reprodução/Wikimedia Commons)

Folha: segundo a ação, os jornalistas foram vítimas de memes ofensivos também (Reprodução/Wikimedia Commons)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 24 de outubro de 2018 às 11h15.

Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 12h02.

São Paulo — O jornal Folha de S.Paulo entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Polícia Federal investigue ataques sofridos por uma jornalista e um diretor da empresa. A ação foi protocolada na noite desta terça-feira (23).

Segundo o veículo de comunicação, as ameaças começaram após a publicação da reportagem "Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp", na quinta-feira (18). Na ação, o jornal afirma que os ataques visam constranger a liberdade de imprensa.

De acordo com a Folha, tanto a repórter Patrícia Campos Mello, que assinou a reportagem, quanto o jornal receberam centenas de mensagens nas redes sociais e por e-mail.

"Entre sexta-feira (19), dia seguinte à publicação, e esta terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pela Folha recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo", diz o jornal.

Além disso, a Folha afirma que o WhatsApp de Patrícia foi hackeado e parte de suas mensagens mais recentes foi apagada. Seu aparelho também enviou mensagens pró-Bolsonaro para alguns dos contatos da agenda telefônica da profissional.

A jornalista relata, ainda, que recebeu duas ligações telefônicas de número desconhecido nas quais uma voz masculina a ameaçou. Durante a semana, diz o jornal, "foram distribuídas mensagens convocando eleitores de Jair Bolsonaro para confrontar Patrícia no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por ela, na próxima segunda-feira (29)."

Memes com ofensas foram divulgados nas redes sociais, segundo o jornal. "Os agressores fizeram circular uma foto anexada a um texto em que afirmam que era Patrícia uma mulher desconhecida que aparece na imagem abraçada ao presidenciável petista Fernando Haddad. O programa de checagem Folha Informações já desmentiu essa imputação", afirma a publicação.

A Folha relata, ainda, que Mauro Paulino, diretor-executivo do Datafolha, também foi alvo de ameaças, no seu Messenger e em sua casa. Dois outros jornalistas que colaboraram com a reportagem, Wálter Nunes e Joana Cunha, também foram alvo de um meme falso.

Denúncia da Folha

Na quinta-feira da semana passada, a reportagem denunciou que empresas estariam comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT e de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) no WhatsApp.

Os contratos chegam a 12 milhões de reais e a Havan, que apoia Bolsonaro, está entre as compradoras, diz a reportagem.

A prática seria ilegal pois se trata de doação de campanha por empresas, o que é vedado pela legislação eleitoral, além de não declarada.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Folha de S.PauloJair BolsonaroJornalistasPolícia FederalTSEWhatsApp

Mais de Brasil

Avião cai em avenida principal de Gramado, na Serra Gaúcha

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'