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Fifa bane Marco Polo Del Nero do futebol por recebimento de propina

Além disso, o ex-membro do comitê executivo da Fifa, acusado de corrupção, terá que pagar uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões)

Marco Polo Del Nero: ex-membro do comitê executivo da Fifa foi banido do futebol pelo comitê de ética da Fifa por ter recebido propina (Sergio Moraes/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de abril de 2018 às 10h06.

Última atualização em 27 de abril de 2018 às 13h48.

Três anos depois de assolada pela prisão de cartolas, em seu hotel em Zurique, a Fifa segue com a "limpeza" da entidade e exclui o último dirigente envolvido naquele escândalo de corrupção e que continuava sem uma punição por parte da organização.

Nesta sexta-feira, a Fifa anunciou que baniu o brasileiro Marco Polo Del Nero de todas as atividades do futebol por toda sua vida, além de aplicar uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).

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Isso significa que ele não pode nem entrar na CBF para eventos sociais, não pode presidir clubes de futebol e nem fazer parte de organização de torneios. Ele foi punido por corrupção, por aceitar presentes de forma indevida e gestão desleal.

Del Nero foi indiciado pela Justiça dos Estados Unidos em 2015. Mas, desde então, passou a evitar sair do Brasil para não ser preso. No final do ano passado, porém, ele foi suspenso temporariamente, depois que a Fifa recebeu evidências dos procuradores dos EUA sobre sua participação em esquemas de corrupção na CBF. Prevendo sua queda definitiva, Del Nero se apressou para montar uma transição na entidade do futebol brasileiro que resguardasse seus interesses.

Para isso, manobrou para conseguir que Rogério Caboclo, seu aliado, fosse eleito, sem oposição e sem qualquer outro candidato na disputa. A mesma estratégia já havia sido adotada por Ricardo Teixeira, quando deixou a CBF em 2012 e escolheu a dedo seus sucessores.

Num primeiro momento, a Fifa o havia afastado do futebol por três meses, enquanto realizava suas investigações. Em março, a entidade ampliou o inquérito por mais 45 dias. Del Nero ainda pode levar o caso à Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), assim como fizeram Joseph Blatter, Michel Platini e Jérôme Valcke. Todos, porém, foram derrotados.

Durante o julgamento de José Maria Marin em dezembro de 2017, Del Nero foi acusado de ter recebido US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 22 milhões) em propinas, em troca de contratos comerciais com a CBF.

A Fifa, durante dois anos, não tocou em Del Nero, alegando que não tinha provas suficientes para o punir. Mas o brasileiro acabou suspenso quando os documentos do FBI se tornaram públicos. Desde então, a entidade passou a investigar o cartola.

Del Nero chegou a ser interrogado pela Fifa, por meio de uma vídeo conferência. Sua defesa alegou que a entidade máxima do futebol não conseguira produzir um só documento de acusação, em dois anos de supostas investigações contra o brasileiro.

Cada um dos detalhes apresentados na corte americana contra Del Nero foi questionado, entre eles os acordos com José Maria Marin para repartir o dinheiro. Numa das evidências, os investigadores apontaram como revelou que Del Nero herdou a propina que, até 2012, era paga a Ricardo Teixeira. Mas o montante de US$ 600 mil foi aumentado para um total de US$ 1,2 milhão (R$ 4,1 milhões).

Entre outros argumentos, Del Nero alegou que não esteve na reunião no Paraguai citada por testemunhas em que subornos foram supostamente negociados em relação a contratos de TV para torneios sul-americanos.

Em Nova York, durante o julgamento dos cartolas do futebol em dezembro, o empresário argentino Alejandro Burzaco revelou na condição de testemunha que foi em outubro de 2014 ao Paraguai. Lá, negociou propinas com Del Nero e com o ex-presidente da Conmebol, Juan Napout.

Mas, na esperança de reverter a decisão, Del Nero tentou provar com documentos de imigração que não viajou ao Paraguai para o suposto encontro citado por Burzaco, chefe de uma das empresas que pagou propinas por direitos de TV.

Limpa

Para a cúpula da Fifa, a punição contra Del Nero será vendida entre parceiros comerciais, patrocinadores e mesmo na Justiça americana e suíça como uma prova de que a entidade se desfez de todos aqueles que estavam envolvidos no maior escândalo de corrupção na história do futebol.

Nos EUA, a Fifa tenta reaver parte do dinheiro, alegando que foi lesada justamente por cartolas que, durante anos, comandaram o futebol e se utilizaram da entidade para enriquecimento ilícito.

Depois de mudar de presidente, de secretário-geral, de afastar mais de uma dezena de cartolas e prometer fazer reformas, a Fifa agora vai insistir na tese de que, com Del Nero punido, a entidade finalmente "virou a página".

O problema, segundo seus críticos, é que os escândalos continuam surgindo. Nesta semana, um dos membros do Conselho da Fifa, Constant Omari, foi preso no Congo, suspeito de corrupção no futebol.

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