Federação de hotéis cobra Tarcísio por virose e arrastões no litoral e fala em debandada de turistas
O receio do setor é que uma piora na situação provoque um “apagão” do turismo no litoral, afirma o diretor-executivo da Fhoresp
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 8 de janeiro de 2025 às 11h53.
Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 12h21.
O diretor-executivo da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo ( Fhoresp ), Édson Pinto, protocolou um ofício na terça-feira, 7, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para cobrar providências do governo estadual em relação aos casos de virose e arrastõesno litoral do estado. A informação foi adiantada com exclusividade à EXAME.
“É um combo explosivo: virose em surto e arrastões. É o ‘apagão’ do nosso litoral. Dias atrás, turistas ainda foram assaltados e baleados no Guarujá. Um, infelizmente, morreu. O Estado precisa intervir nas áreas Ambiental, Sanitária e de Segurança Pública. Senão, o verão, um dos períodos mais fortes para o turismo, será catastrófico para o setor", diz Édson Pinto.
O receio do setor é que uma piora na situação provoque um “apagão” do turismo no litoral, com a debandada de visitantes. O diretor da entidade, que representa mais de 500 mil empresas, afirma que recebeurelatos de cancelamentos de reservas nesta temporada e teme prejuízos no Turismo.
A Fhoresp afirma que o litoral paulista é o destino preferido para as férias de verão e tinha taxa de ocupação esperada de 95% para a virada do ano.
"Essas ocorrências, afinal, afastam o turista. Sem contar que muitos hotéis, restaurantes e bares do litoral dependem da alta temporada para sair do vermelho e compensar o baixo fluxo ao longo do ano”, afirma o diretor-executivo.
Édson Pinto também não descarta demissões no setor de Hotéis, Restaurantes e Bares, uma vez que os prejuízos no turismo da Baixada Santista já impactaram 52 setores da economia, apesar de não apresentar dados consolidados.
"Podemos ter, inclusive, desemprego, caso essa situação persista”, diz. “Os empresários do turismo fazem investimentos em equipamentos, contratação de mão de obra extra e compram estoques maiores, pois, em regra, vão ter maior demanda nesta época do ano. Agora, o momento é de grande apreensão. Já temos relatos de cancelamentos de reservas, e não somente nos hotéis, mas também de locações residenciais de temporada."
Surto de virose em Santos, Praia Grande e Guarujá
Nos primeiros dias do ano, relatos de surto de virose no litoral de São Paulo tomaram as redes sociais de turistas e moradores de cidades como Santos, Praia Grande e Guarujá. As unidades médicas da região registraram longas filas de pacientes. Nas farmácias, também foi constatada a falta de remédios para combater os sintomas. A situação teve um pico nos primeiros dias do novo ano e ainda não está controlada.
Segundo a prefeitura do Guarujá, houve aumento de 42% nas queixas relacionadas a quadros de virose nos pronto-atendimentos da cidade. Em dezembro, foram realizados mais de 2.064 atendimentos.
“Desde dezembro, milhares de pessoas que passaram pela Baixada Santista procuraram ajuda médica por conta de virose. Mesmo com as subnotificações, que são significativas, os contaminados, entre munícipes e visitantes, abarrotaram postos médicos e farmácias. Não se sabe se este surto está acontecendo por causa da água do mar ou da água corrente. O problema é isso interferir na opinião do turista. Será que ele vai se sentir seguro em voltar para a Baixada Santista? A imagem do nosso litoral está seriamente comprometida”, afirma o representante da Federação.
A prefeitura do Guarujá notificou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da praia da Enseada.
Em nota à EXAME, a Sabesp afirmou que não foi identificado "qualquer problema em sua rede que possa ter atingido as praias do Guarujá". A companhia ainda salientou que o sistema de água e esgoto da Baixada Santista opera normalmente e é monitorado 24 horas por dia e que "prestou os devidos esclarecimentos à Secretaria Municipal de Meio Ambiente".
Além dos casos de virose no litoral sul, o ofício endereçado a Tarcísio aponta a falta de abastecimento de água no litoral norte — outra região de alto fluxo nas férias de janeiro, segundo a entidade.
"Sem água potável, a permanência dos turistas e o próprio funcionamento de todo o trade turístico acabam sendo prejudicados", afirma Pinto, do Fhoresp.