Rebelião: segundo a PF, naquele momento, em 2015, já existiam "planos para o assassinato de todos os membros do PCC" (Luiz Silveira/Agência CN/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 15h52.
São Paulo - Na operação La Muralla, deflagrada em novembro de 2015, a Polícia Federal deu um duro golpe na facção Família do Norte (FDN) ao investir contra suas principais lideranças.
Ao longo de seis meses de investigação, os policias da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Superintendência do Amazonas mapearam toda a estrutura da organização criminosa e cumpriram 127 mandados de prisão preventiva, 67 mandados de busca e apreensão, sete buscas em presídios estaduais, 68 medidas de sequestro de bens, além do bloqueio de ativos registrados em 173 CPFs e CNPJs ligados à FDN.
À época, em mensagens de texto interceptadas, a PF já acompanhava a "rixa" entre integrantes da FDN e do PCC.
Segundo o relatório final da La Muralla, diversas mensagens interceptadas "deixam claro que a FDN possui uma forte relação ou aliança com o Comando Vermelho-CV, facção criminosa do Estado do Rio de Janeiro, e uma espécie de rixa com os membros da facção Primeiro Comando da Capital-PCC".
Ainda segundo a PF, naquele momento, em 2015, já existiam "planos para o assassinato de todos os membros desta organização criminosa paulista que se encontram presos em Manaus (pelo menos 3 das principais lideranças do PCC foram brutalmente assassinadas nos últimos meses pela FDN dentro do sistema)".
De acordo com a PF, o único obstáculo até então existente para evitar que a FDN colocasse em prática seu plano de matar os rivais do PCC era "o fato de que todos os presidiários de Manaus que possuíam vínculos com os referidos grupos criminosos estavam custodiados em ala própria no Centro de Detenção Provisória - CDPM, pavilhões 1 e 2, apelidados de 'seguro', sob forte proteção policial."
Foi no seguro no Complexo Penitenciário Anisio Jobim que a FDN matou ao menos 60 pessoas entre este domingo, 1, e segunda-feira, 2. O massacre ocorreu após os integrantes da facção tomarem o comando da Compaj, maior presídio do Estado.
Ainda segundo o relatório da PF, embora a FDN fosse aliada do Comando Vermelho, não havia nenhuma relação de submissão entre as duas facções. Diz o relatório: "Todavia, está claro que não existe nenhuma relação de submissão da facção amazonense ao CV e/ou PCC, sendo
este o grande diferencial da FDN em relação às demais organizações criminosas do Brasil".
Sobre a rebelião ocorrida entre a tarde de domingo (1) e a manhã desta segunda-feira (2) no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, o Ministério da Justiça e Cidadania informa que o ministro Alexandre de Moraes manteve durante todo o tempo contato com o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira.
O ministro colocou-se à disposição do governador para tudo o que fosse preciso. O governador informou que a situação no complexo penitenciário já está sob controle.
E que já utilizará para sanar os problemas os R$ 44,7 milhões de repasse que o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) na última quinta-feira, 29 de dezembro.