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Famílias políticas no Brasil estão desgastadas, diz NYT

Para o jornal The New York Times, fim do domínio de José Sarney no Maranhão pode representar uma mudança para o cenário político nacional nos próximos anos. Entenda.

José Sarney e Roseana Sarney na convenção nacional do PMDB: eleições 2014 encerraram cinco décadas de poder da família no Maranhão (Valter Campanato/ABr)

Talita Abrantes

Publicado em 29 de dezembro de 2014 às 11h32.

São Paulo – Faltando dois dias para o início do recesso do Congresso Nacional, o agora ex-senador José Sarney (PMDB) se despediu da vida pública com um discurso no plenário do Senado. Na semana anterior, sua herdeira Roseana Sarney renunciou ao governo do Maranhão – estado dominado pelo grupo do ex-presidente durante 5 décadas.

Para o jornal americano The New York Times,  o fim da era Sarney no Maranhão representa o declínio do "último dos grandes coronéis do Brasil" e pode sinalizar o desgaste de outras famílias que mantiveram seu domínio  na política nacional por décadas.

“Poderosas dinastias em outros lugares do Brasil estão mostrando sinais de desgaste”, afirma a publicação.

Exemplo disso, segundo o jornal, são as derrotas do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e de Helder Barbalho (PMDB) nas disputas pelos governos da Paraíba e Pará, respectivamente.

Ambos são filhos de ex-governadores Ronaldo Cunha Lima e de Jader Barbalho, que comandaram os estados. No entanto, este ano, o capital político familiar não foi suficiente para manter as famílias no poder.

Apesar disso, segundo a publicação, a presidente reeleita Dilma Rousseff ainda não tem muitas opções e, para manter a governabilidade, segue forjando "aliançascom partidos de centro ou conservadores, governados pelos chefes políticos da velha escola”.

No início da semana passada, anomeação de Helder Barbalho para o Ministério da Pesca e Aquicultura é uma das várias comprovações para isso.

Ao mesmo tempo, a reportagem pondera que poderosas famílias políticas tendem a ser resilientes e podem se organizar para preparar um retorno a qualquer momento. No Alagoas, Renan Filho, herdeiro do senador Renan Calheiros, conquistou no primeiro turno o governo do estado nas eleições deste ano.

Foi também no dia 5 de outubro deste ano, que Flávio Dino (PC do B) desbancou Edison Lobão Filho (PMDB), aliado de Sarney, e conquistou o governo do Maranhão encerrando um ciclo de 50 anos de domínio do ex-senador no estado.

"Se o Maranhão pode mudar, então os oligarcas de toda parte podem ser coibidos neste país", afirmou o advogado Rodrigo Lago em entrevista ao jornal.

São Paulo - E Marina Silva acabou entrando na lista de derrotados do primeiro turno. Além dessa grande surpresa, outras viradas e resultados inesperados marcaram as vitórias e derrotas no primeiro dia de eleição. Veja a seguir quem foram os principais derrotados da noite:
  • 2. Marina Silva

    2 /21(Sergio Moraes/Reuters)

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    Marina Silva , quando entrou na disputa no lugar de Eduardo Campos , parecia que seria a próxima presidente do País. Ela incorporou uma imagem quase santa. As pesquisas mostravam um empate com Dilma no primeiro turno e uma vitória no segundo.  Mas, alguns debates e muitos ataques do PT depois, Marina despencou. Alguns dias atrás, Aécio Neves parecia estar delirando quando disse que tinha certeza de que iria para o segundo turno. Só parecia. Ela conseguiu pouco mais de 22 milhões de votos (21,3%).
  • 3. Rui Costa Pimenta

    3 /21(Divulgação/Facebook/Rui Costa Pimenta)

  • O candidato à presidência do PCO teve de se conformar com a lanterninha da corrida presidencial. Ele obteve pouco mais de 13 mil votos (0,01%).
  • 4. Alexandre Padilha

    4 /21(Paulo Pinto/Fotos Públicas)

    O ex-ministro da Saúde se mostrou, aos olhos do PT, um candidato correto e firme para tirar o monopólio do PSDB em São Paulo. Mas Alexandre Padilha não teve um apoio forte da máquina governamental do PT na campanha - como era esperado - e nunca chegou perto de incomodar Geraldo Alckimin na disputa.  Acabou ficando em terceiro, com 18,22% dos votos.
  • 5. Paulo Skaf

    5 /21(Ayrton Vignola/Skaf 15/Divulgação)

    O candidato do PMDB ao governo de São Paulo também nunca chegou perto de Geraldo Alckmin na disputa.  Ficou em segundo lugar com 21,53% dos votos - bem mais perto do terceiro colocado que do topo.
  • 6. Gleisi Hoffmann

    6 /21(Antonio Cruz/Agência Brasil)

    A ex-ministra-chefe da Casa Civil deixou o cargo para se candidatar ao governo do Paraná , mas não obteve sucesso. Ficou em terceiro lugar na votação, com 14,87% dos votos - e bem longe de Beto Richa, reeleito.
  • 7. Eduardo Suplicy

    7 /21(Fábio Teixeira/ EXAME.com)

    Eduardo Suplicy vai sentir saudades de seus discursos e cantorias no Senado Federal. Desde 1991 no cargo, o candidato do PT perdeu a vaga para José Serra.Suplicy ficou em segundo lugar, com 32,53% dos votos.
  • 8. Gilberto Kassab

    8 /21(José Cruz/ABr)

    O ex-deputado federal e ex-prefeito de São Paulo não repetiu suas vitórias anteriores dessa vez. Candidato ao Senado do PSD , partido do qual é presidente, Kassab ficou apenas em terceiro, com 5,94% dos votos.
  • 9. Paulo Bauer

    9 /21(Diego Redel/Divulgação/Paulo Bauer)

    Paulo Bauer (atualmente no PSDB) sempre sentiu o gosto da vitória em Santa Catarina . Mas o ex-senador não obteve sucesso ao tentar impedir a reeleição do governador Raimundo Colombo. Com 29,9% dos votos, não conseguiu nem levar a disputa para o segundo turno.
  • 10. Roberto Requião

    10 /21(Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)

    Roberto Requião (PMDB) já obteve muitas vitórias nas urnas do Paraná: duas vezes como senador, três vezes como governador e também como deputado estadual. Mas, em 2014, teve de encarar a derrota: ficou em segundo lugar na disputa pelo governo do Paraná e ainda perdeu no primeiro turno. Obteve 27,65% dos votos.
  • 11. Anthony Garotinho

    11 /21(Bloomberg News)

    O ex-governador do Rio de Janeiro chegou a liderar as pesquisas para o governo, mas despencou em poucos dias. No fim, o candidato do PR ficou de fora do segundo turno, que será disputado entre Luiz Fernando Pezão e Marcelo Crivella. Obteve 19,73% dos votos.
  • 12. Pimenta da Veiga

    12 /21(Pedro Paiva/Agência de Notícias PSDB-MG)

    Ex-deputado federal e ex-prefeito de Belo Horizonte e uma das lideranças do PSDB, o candidato Pimenta da Veiga não correspondeu às expectativas e saiu derrotado das urnas na disputa pelo governo de Minas Gerais . Conseguiu uma votação expressiva (41,89% dos votos, mais de 4 milhões), mas seu adversário Fernando Pimentel (PT) conseguiu mais da metade dos votos.
  • 13. Edison Lobão Filho

    13 /21(Wilson Dias/Abr)

    O senador pelo Maranhão não obteve sucesso ao tentar ser governador do estado. Foi derrotado ainda no primeiro turno, apesar de ter levado 33,69% dos votos.
  • 14. Agnelo Queiroz

    14 /21(Beto Oliveira/ Câmara dos Deputados)

    Governador em exercício, do partido da posição e ainda em pleno Distrito Federal . Nenhuma dessas vantagens (teoricamente) foi capaz de ajudar o candidato do PT Agnelo Queiroz. Ele não conseguiu se reeleger, ficando fora do segundo turno. Obteve apenas 20,07% dos votos.
  • 15. Cesar Maia

    15 /21(Márcio José Moraes/Divulgação)

    O ex-prefeito do Rio de Janeiro não conseguiu derrotar o campeão da Copa de 94. O candidato do DEM obteve apenas 20,51% dos votos e perdeu a vaga no Senado para Romário .
  • 16. Yeda Crusius

    16 /21(JEFFERSON BERNARDES/Divulgação)

    A ex-governadora do Rio Grande do Sul conseguiu um resultado pífio em seu estado. Candidata do PSDB para ser deputada federal, obteve apenas 71.794 votos, 1,22% do total.
  • 17. Armando Monteiro

    17 /21(Pedro França/Agência Senado)

    O senador por Pernambuco não conseguiu se eleger governador. O candidato do PTB obteve menos da metade dos votos do seu adversário, Paulo Câmara - este eleito em primeiro turno.
  • 18. Cândido Vaccarezza

    18 /21(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

    Citado em um suposto esquema de corrupção envolvendo a Petrobras , o deputado federal por São Paulo do PT não conseguiu se reeleger. Vaccarezza obteve apenas 50 mil votos, 0,24% do total.
  • 19. Heloísa Helena

    19 /21(Lailson Santos/VEJA)

    A candidata do PSOL ao Senado por Alagoas perdeu para um nome bem polêmico: Fernando Collor . O ex-presidente-deposto foi reeleito. Helena obteve um bom resultado, 31,76%, mas não o suficiente.
  • 20. Angela Portela

    20 /21(Wikimedia Commons)

    A senadora por Roraima tinha a força do PT ao seu lado na disputa pelo governo do estado. Mas Portela perdeu ainda no primeiro turno para Chico Rodrigues, com 30,82%.
  • 21. Agora conheça os deputados mais atuantes

    21 /21(Pedro França/Agência Senado)

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