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Falhas na comunicação alimentaram crise, dizem petistas

Avaliação ganhou força entre deputados após José Gabrielli ter dado explicações à bancada na Câmara dos Deputados na terça


	Refinaria da Petrobras em Pasadena: em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria, por US$$ 360 milhões, incluindo US$ 170 milhões em estoques
 (Agência Petrobras / Divulgação)

Refinaria da Petrobras em Pasadena: em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria, por US$$ 360 milhões, incluindo US$ 170 milhões em estoques (Agência Petrobras / Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 23h57.

Brasília - Não seria difícil para o PT e aliados explicarem a compra pela Petrobras da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, desde que o governo, a presidente Dilma Rousseff e a estatal não tivessem cometidos tantos erros de comunicação, avaliaram deputados e membros do PT à Reuters.

Essa avaliação ganhou força entre os deputados após o ex-presidente da Petrobras José Gabrielli ter dado explicações à bancada na Câmara dos Deputados na terça-feira.

O ex-dirigente apresentou valores detalhados dos gastos da Petrobras com o negócio e muniu os deputados petistas com argumentos para defender o governo no Congresso Nacional e enfrentar a provável Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras.

"Por falhas de comunicação da Petrobras e do governo essa história não está sendo contada corretamente. E ficam espalhando esses valores falsos da aquisição de Pasadena", disse à Reuters um petista que participou da reunião na terça-feira, pedindo para não ter seu nome revelado.

Em 2006, a Petrobras comprou 50 por cento da refinaria, que teria sido adquirida um ano antes pela Astra Oil por 42,5 milhões de dólares, por 360 milhões de dólares, incluindo 170 milhões de dólares em estoques. Em seguida, amargou uma batalha judicial com a parceira no projeto, e acabou desembolsando um total de cerca de 1,3 bilhão de dólares no negócio.

Gabrielli disse aos deputados que Petrobras pagou efetivamente 486 milhões de dólares por 100 por cento da refinaria, e não 1,3 bilhão de dólares.


Segundo os cálculos do ex-dirigente, devem ser excluídos do valor total desembolsado pela Petrobras 340 milhões de dólares gastos com a aquisição de estoques, que geraram lucro para a estatal; 202 milhões de dólares de gastos com o litígio judicial com a Astra Oil; e 156 milhões de dólares pagos a título de garantias bancárias para a operação cotidiana da refinaria.

Também não deveriam entrar no cálculo do valor do investimento, segundo Gabrielli, 150 milhões de dólares pagos em juros referentes ao período de litígio; 5 milhões de dólares em honorários advocatícios; e outros 44 milhões de dólares pagos pela estatal brasileira à Astra Oil nos ajustes finais do rompimento da sociedade.

Sem comentar possíveis erros de comunicação, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) afirmou que as explicações dadas por Gabrielli "mostram que o negócio não era uma falcatrua", e que à época "foi um bom negócio".

O ex-presidente da estatal disse aos parlamentares que a compra da refinaria em Pasadena foi um ótimo negócio, considerando o cenário mundial de refino naquele momento.

"A referência para saber se o preço de uma refinaria é ‘barato ou caro' é o custo em dólar por barril processado por dia", segundo trecho da apresentação de Gabrielli à bancada obtido pela Reuters. "Em 2006, a Petrobras pagou por 50 por cento da refinaria de Pasadena, 3.800 dólares por barril de capacidade de processamento/dia. O valor médio das aquisições em 2006 foi de 9.734 dólares por barril/dia", compara outro trecho da apresentação.

Mas argumentos favoráveis ao negócio entre a estatal e a Astra Oil, na avaliação de petistas, são difíceis de serem levados adiante depois que a presidente Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração da Petrobras à época, emitiu uma nota informando que a decisão foi tomada com base num documento "técnica e juridicamente falho".


A presidente disse ainda, ao responder a denúncias de supostas irregularidades, que se soubesse de todas as cláusulas do contrato não teria autorizado a negociação.

"Esse foi um erro crasso dela. Ela não precisava ter feito nota alguma. Se não toda, a maior parte da bancada tem essa avaliação", disse à Reuters um outro deputado petista, sob condição de anonimato.

Um terceiro parlamentar petista, que participou da reunião, disse que a entrevista da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, concedida no mês passado ao jornal O Globo informando que desconhecia partes dos contratos entre a estatal e a Astra Oil, também foi avaliada como desastrosa para o governo.

"Aquilo mostrou que nem a presidente Dilma e nem a nova presidente da Petrobras sabiam do que estavam falando", criticou esse petista.

Poucos dias após a divulgação da nota da presidente Dilma, a oposição já conseguido recolher assinaturas suficientes para a criação de uma CPI no Senado. O governo ainda manobra junto aos aliados para evitar a instalação da CPI ou para ampliar o escopo da investigação para incluir supostas irregularidades envolvendo trens e metrôs em São Paulo e do Distrito Federal, que poderiam respingar em partidos de oposição.

A criação de uma CPI para investigar a estatal pode causar dificuldades políticas adicionais à Dilma, que irá disputar a reeleição e tem sofrido com a queda das intenções de voto e da avaliação positiva do governo, de acordo com pesquisas recentes.

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