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Fala de Temer sobre riscos a mandato mostra impaciência

As declarações do vice-presidente sobre o mandato de Dilma foram interpretadas como expressão da impaciência com os erros que têm sido cometidos pelo governo

Presidente Dilma Rousseff e vice-presidente Michel Temer durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2015 às 19h05.

Brasília - As declarações do vice-presidente Michel Temer , de que será difícil a presidente Dilma Rousseff chegar ao final do mandato com a popularidade nos atuais níveis, foram interpretadas como uma expressão da impaciência com os erros que têm sido cometidos pelo governo e "excesso de verdade", nas palavras de um auxiliar.

Temer tem cobrado uma unificação do discurso e uma coerência do governo e já reclamou a Dilma mais de uma vez de intrigas, discussões internas que, na sua visão, fazem o governo errar demais. O vice-presidente falou à própria presidente que é necessário parar com as disputas internas para que o governo tenha chance de sucesso.

Na noite de quinta-feira, em um debate promovido pelo grupo Política Viva, organização que se autointitula suprapartidária – e que defende o impeachment da presidente – Temer disse que "ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice de popularidade (entre 7 e 8 por cento)" e que "se continuar assim, de fato fica difícil se manter por três anos". Apesar de afirmar que Dilma "não é de renunciar", o vice-presidente disse ainda que é preciso "melhorar o que está aí". Dentro do governo, a ordem foi minimizar as declarações de Temer, tratando-as como se tivessem sido tiradas de contexto.

Na comitiva que acompanha a presidente em viagem à Paraíba, a avaliação foi de que Temer não falou nada de irreal e realmente é complicado governar com uma popularidade abaixo de 10 por cento, mas por isso é preciso continuar tocando uma agenda positiva para tentar reverter essa situação.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, foi na mesma linha. Afirmou, por meio de sua assessoria, que Temer foi mal interpretado, mas o que importa é a postura do vice-presidente.

Para Edinho, Temer tem compromisso com o governo Dilma e com o Brasil. "Estamos diante de um democrata e de um líder político muito correto. Seus gestos falam mais que palavras", afirmou o ministro.

Próximo de Temer, o senador Romero Jucá deu a mesma interpretação à fala do vice-presidente. "Eu diria que o presidente Temer respondeu a uma pergunta, essa resposta foi dentro de um contexto, e ele avaliou que efetivamente três anos de desgaste é difícil qualquer presidente em qualquer lugar do mundo se sustentar", avaliou. Na base governista, no entanto, nem todos reagiram com a mesma tranquilidade. Um senador avaliou que Temer "passou do tom" em sua fala, ainda mais levando-se em conta que estava falando a uma plateia majoritariamente contrária ao governo.

"Ele não vai assumir isso, mas esse tipo de episódio sinaliza que ele está se mostrando como uma opção à presidente Dilma", disse o parlamentar, que falou sob a condição de anonimato.

Auxiliares próximos ao vice-presidente avaliaram que teria sido melhor ele não ter ido ao debate, patrocinado por uma entidade que defende o impeachment da presidente. Entretanto, segundo um desses auxiliares, Temer teria aceitado o convite sem saber do que se tratava o grupo e, ao ser informado, decidiu manter sua presença no debate, alegando que conversa com todos os grupos, de todas as inclinações.

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Brasília - As declarações do vice-presidente Michel Temer , de que será difícil a presidente Dilma Rousseff chegar ao final do mandato com a popularidade nos atuais níveis, foram interpretadas como uma expressão da impaciência com os erros que têm sido cometidos pelo governo e "excesso de verdade", nas palavras de um auxiliar.

Temer tem cobrado uma unificação do discurso e uma coerência do governo e já reclamou a Dilma mais de uma vez de intrigas, discussões internas que, na sua visão, fazem o governo errar demais. O vice-presidente falou à própria presidente que é necessário parar com as disputas internas para que o governo tenha chance de sucesso.

Na noite de quinta-feira, em um debate promovido pelo grupo Política Viva, organização que se autointitula suprapartidária – e que defende o impeachment da presidente – Temer disse que "ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice de popularidade (entre 7 e 8 por cento)" e que "se continuar assim, de fato fica difícil se manter por três anos". Apesar de afirmar que Dilma "não é de renunciar", o vice-presidente disse ainda que é preciso "melhorar o que está aí". Dentro do governo, a ordem foi minimizar as declarações de Temer, tratando-as como se tivessem sido tiradas de contexto.

Na comitiva que acompanha a presidente em viagem à Paraíba, a avaliação foi de que Temer não falou nada de irreal e realmente é complicado governar com uma popularidade abaixo de 10 por cento, mas por isso é preciso continuar tocando uma agenda positiva para tentar reverter essa situação.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, foi na mesma linha. Afirmou, por meio de sua assessoria, que Temer foi mal interpretado, mas o que importa é a postura do vice-presidente.

Para Edinho, Temer tem compromisso com o governo Dilma e com o Brasil. "Estamos diante de um democrata e de um líder político muito correto. Seus gestos falam mais que palavras", afirmou o ministro.

Próximo de Temer, o senador Romero Jucá deu a mesma interpretação à fala do vice-presidente. "Eu diria que o presidente Temer respondeu a uma pergunta, essa resposta foi dentro de um contexto, e ele avaliou que efetivamente três anos de desgaste é difícil qualquer presidente em qualquer lugar do mundo se sustentar", avaliou. Na base governista, no entanto, nem todos reagiram com a mesma tranquilidade. Um senador avaliou que Temer "passou do tom" em sua fala, ainda mais levando-se em conta que estava falando a uma plateia majoritariamente contrária ao governo.

"Ele não vai assumir isso, mas esse tipo de episódio sinaliza que ele está se mostrando como uma opção à presidente Dilma", disse o parlamentar, que falou sob a condição de anonimato.

Auxiliares próximos ao vice-presidente avaliaram que teria sido melhor ele não ter ido ao debate, patrocinado por uma entidade que defende o impeachment da presidente. Entretanto, segundo um desses auxiliares, Temer teria aceitado o convite sem saber do que se tratava o grupo e, ao ser informado, decidiu manter sua presença no debate, alegando que conversa com todos os grupos, de todas as inclinações.

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