Fã da ditadura militar, Bolsonaro foi espionado pela... ditadura
Os espiões do SNI ficaram no encalço do então capitão do Exército e de sua família devido à publicação de um artigo
Diogo Max
Publicado em 10 de junho de 2018 às 14h01.
Última atualização em 10 de junho de 2018 às 14h08.
São Paulo – Apoiador fervoroso da ditadura militar, o deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi espionado pelos órgãos de informação do regime, entre os anos de 1986 e 1989.
A informação foi revelada neste domingo por uma reportagem publicada pelo jornal O Globo, que vasculhou os documentos do SNI (Sistema Nacional de Informações) que integram o acervo do Arquivo Nacional sobre esse período da história brasileira.
De acordo com a notícia, os espiões da ditadura militar ficaram no encalço do então capitão do Exército e de sua família devido à publicação, em 1986, de um artigo em que Bolsonaro reclamava do valor dos salários dos oficiais de baixa patente.
Ainda segundo a reportagem, o objetivo do SNI era obter informações sobre a recepção nos quartéis das afirmações feitas por Bolsonaro no artigo “O salário está baixo” – havia o medo de um movimento que pudesse ir contra os propósitos da ditadura, que, naquela época, buscava entregar o poder aos civis.
Os espiões descobriram que, pouco tempo depois, até mesmo o PCdoB e o PCB emitiram comunicados para seus integrantes explorarem ao máximo o artigo do então capitão do Exército nos quartéis, de acordo com o jornal.
Por conta da quebra da hierarquia, Bolsonaro pegou 15 dias de prisão. A espionagem, contudo, não parou por aí.
Um ano depois, o hoje deputado federal deu uma entrevista em que falava sobre um plano de bombas nos quartéis, e os espiões voltaram a ficar no encalço dele e de sua família.
Devido ao conteúdo de sua entrevista, Bolsonaro foi julgado e condenado pelo Comando Militar do Leste (CML), mas absolvido em última instância pelo Superior Tribunal Militar (STM). O deputado federal nega ter pensando no plano, segundo a reportagem de O Globo.
Corrida presidencial
Pesquisa Datafolha publicada neste domingo sobre as intenções de voto dos eleitores para presidente da República mostra que o ex-presidente Lula (PT) ainda lidera nos primeiros e segundo turnos.
Mas, sem o petista na corrida presidencial, Bolsonaro continua à frente dos concorrentes, com 19%, seguido de Marina Silva (Rede), que oscila entre 14% e 15%, Ciro Gomes (PDT), que oscila entre 10 e 11%, Geraldo Alckmin (PSDB) com 7% e Alvaro Dias (Podemos) com 4%.
Em uma outra pesquisa com 204 investidores institucionais realizada pela XP Investimentos, o pré-candidato do PSL foi apontado como vencedor das eleições por 48% dos respondentes.
Na comparação com o levantamento anterior, feito em abril, houve um aumento na percepção que Bolsonaro ganharia as eleições. Antes, o deputado era indicado por apenas 29% dos respondentes.