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Entenda as polêmicas que cercam a nomeação de Cristiane Brasil

Entenda as controvérsias que cercam a nomeação de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho do governo Temer

Cristiane Brasil: polêmicas desde o momento da nomeação (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Luiza Calegari

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 12h10.

Última atualização em 9 de janeiro de 2018 às 13h10.

São Paulo – A nomeação da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para chefiar o Ministério do Trabalho pode ter sido mais um tiro que saiu pela culatra no governo de Michel Temer .

Isso porque Brasil já foi condenada pela Justiça Trabalhista (um contrassenso já que ela assumiria a pasta ligada ao assunto), citada na delação de Odebrecht e é filha de Roberto Jefferson, protagonista e primeiro delator do mensalão.

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Drible nas leis trabalhistas

Sobre a condenação trabalhista: em 2016, a deputada foi condenada por não assinar a carteira de trabalho nem pagar horas extras a Fernando Fernandes, um motorista que trabalhava 15 horas por dia para ela e sua família. A decisão foi confirmada em segunda instância.

Além dessa condenação, também constam na ficha da parlamentar outro processo de um motorista, em 2017, que foi encerrado com um acordo, e acusações de uma ex-auxiliar Aline Lucia de Pinho, que afirma ter sido demitida enquanto estava de licença por acidente de trabalho (sofrido quando prestava serviços particulares para Cristiane).

Foi devido a essas acusações que o juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ), suspendeu a nomeação de Brasil no Ministério. O Planalto, no entanto, alega que a liminar é muito “frágil” e que vai manter a cerimônia de posse.

Filha de Roberto Jefferson

Mas além da condenação, Cristiane Brasil ainda carrega um estigma: ela é filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson, que ficou conhecido no país quando virou o primeiro delator do caso do mensalão. Quando a nomeação de Cristiane foi anunciada, Jefferson chegou a dizer, emocionado, que o ato seria um “resgate” do nome da família.

Ele garante que o nome da própria filha surgiu espontaneamente durante a reunião que teve com Temer para indicar o novo ministro, e que não partiu dele. “Eu vim discutir outros nomes, estávamos pensando em três [outros deputados]. Aí roda pra cá, roda pra lá. Então se falou: ‘Roberto, e a Cristiane? Por que não?’”, afirmou.

Cristiane Brasil entrou na vida pública graças à influência do pai. Seu primeiro cargo foi na Eletronuclear, ainda no mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e ela continuou por lá até o começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), manutenção que é atribuída à influência de Jefferson nos dois governos. Depois, conseguiu se eleger vereadora no Rio de Janeiro, por três mandatos, e em 2014 foi eleita deputada federal.

Citada na delação da Odebrecht

A citação em uma delação da Odebrecht se refere ao seu período como vereadora, quando, segundo o executivo Leandro Andrade, da Odebrecht, ela recebeu dinheiro ilegal para a campanha de Pedro Paulo (PMDB-RJ) à prefeitura.

Segundo o delator, foram entregues 200 mil reais à então vereadora, que compareceu a um encontro, recebeu o dinheiro em espécie e o levou embora em uma mochila. Em sua defesa, Cristiane alega que o Supremo Tribunal Federal não pediu que ela fosse investigada e diz que não há provas do que o delator falou.

Suplente foi preso condenado por estupro

A nomeação de Cristiane Brasil ainda tem um efeito colateral: seu suplente na Câmara é Nelson Nahim (PSD-RJ), irmão do ex-governador Anthony Garotinho que já cumpriu pena por exploração sexual de menores.

Nahim foi preso com outras 12 pessoas, em junho de 2016, numa ação da Polícia Civil e do Ministério Público sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, em Campos de Goytacazes (RJ).

As acusações que pesaram contra ele foram de estupro de vulnerável, exploração sexual de adolescentes e coação no curso do processo. Ele foi solto quatro meses depois, após habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

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